O governo federal põe os nomes na vitrine do perigo. Um novo site reúne a lista unificada dos criminosos mais procurados do Brasil, em uma estratégia que aposta na pressão pública e na integração de informações entre estados.
O Ministério da Justiça decidiu tirar a lista da gaveta e jogá-la na rede. Nesta segunda-feira (8), entrou no ar o site gov.br/captura, uma plataforma que expõe publicamente os 216 foragidos considerados de alta periculosidade no país.
A iniciativa não é um desabafo, mas uma ação dentro do Programa Captura. A ideia é clara: criar um canal nacional de difusão onde cada estado indica seus oito alvos mais urgentes. A seleção segue uma matriz de risco fria — avalia a gravidade do crime, os múltiplos mandados, a atuação interestadual e, crucialmente, o vínculo com facções.
“A implementação da lista representa um esforço conjunto”, diz a nota oficial do ministério. O discurso fala em aprimorar a segurança e combater organizações criminosas com mais eficácia. Mas a estratégia real parece ser outra: aumentar a temperatura em torno desses nomes. A exposição busca dificultar a vida na clandestinidade e virar um canal a mais para receber a ponta solta de uma denúncia — anônima, pelo 190 ou 197.
E tem um foco geográfico claro. O ministério anunciou a instalação de uma célula operacional do programa no Rio de Janeiro. A justificativa é direta: o estado se tornou um esconderijo preferido de criminosos de todo o Brasil. A nova estrutura promete agilizar a troca de informações e dar apoio direto às polícias locais.
A pergunta que fica, no entanto, é de efetividade. Listas existem há tempos. Sites também. Transformar a exposição digital em prisão concreta é um salto que depende de inteligência, investigação e, principalmente, de recursos que vão além do virtual. O governo acendeu um holofote. Agora, é preciso ver se as polícias terão condições de correr atrás da sombra que ele revela.
