Um investimento de R$ 7 milhões vai fomentar a avicultura no sertão baiano. A iniciativa, que une estado e municípios, promete tirar produtores da informalidade e abastecer mercados institucionais.
O Sertão do São Francisco está se movimentando — e o som que se ouve é o do cacarejo de uma nova oportunidade econômica. Dez municípios baianos fecharam um pacto para transformar a produção de ovos em um vetor de desenvolvimento para a agricultura familiar. A iniciativa, articulada pela CAR (Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional), é uma aposta ousada na força coletiva.
Juazeiro, Casa Nova, Remanso, Curaçá, Uauá, Canudos, Sento Sé, Sobradinho, Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes formaram uma frente única. O objetivo é claro: estruturar a cadeia produtiva da avicultura para gerar renda e garantir segurança alimentar. O evento que selou essa união aconteceu nesta terça-feira (25), com a presença de técnicos e secretários de agricultura.
O concreto da mudança: classificadoras e casas de ração
O plano não fica só no discurso. A espinha dorsal do projeto é o programa Parceria Mais Forte, que vai injetar R$ 7 milhões em infraestrutura. O pacote inclui a instalação de dez classificadoras de ovos e duas casas de ração no território.
— Nós vamos implantar, nos 10 municípios do território, 10 classificadoras de ovos e duas casas de ração — explica o gerente territorial da CAR, Raul Décio.
Agora, o próximo passo é prático: as prefeituras farão a seleção das comunidades que serão beneficiadas. A estimativa é que 200 famílias que criam aves de postura sejam impactadas diretamente.
Do papel para a realidade: o caminho até os mercados formais
Mas qual é a vantagem real de uma classificadora de ovos? A resposta está na porta de entrada para os mercados institucionais. A secretária executiva do Constesf, Erica Ferreira, é direta: “A proposta é fortalecer o território por meio da avicultura. Essa classificadora é um aporte para que os produtores possam sair da informalidade”.
A estratégia mira em programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). — Isso não é só produção, é uma cadeia produtiva que depende da venda — reflete Márcio Passos, presidente da Coopercar.
O sucesso, no entanto, dependerá de um equilíbrio delicado. A produção precisa ser constante, a ração deve ser acessível e a comercialização, eficiente. Só assim o sertão vai provar que sua força vai muito além da resistência.
