Um sábado diferente nos postos de saúde da capital. A prefeitura organiza um mutirão para que beneficiários atualizem as condicionalidades do programa. A meta é alcançar quem não consegue ir durante a semana.
Pense na correria de uma segunda-feira qualquer, o trabalho, os afazeres. Agora imagine uma mãe com duas crianças pequenas tentando encaixar uma ida ao posto de saúde nessa rotina. É para ela — e para milhares como ela — que a Prefeitura de Salvador vai abrir as portas das unidades em um sábado, dia 13 de dezembro.
A ação, batizada de Sábado do Bolsa Família, não é sobre criar um novo serviço, mas sim estender o que já existe. Uma jogada de acessibilidade pura. Enquanto de segunda a sexta as filas e as consultas disputam atenção com o emprego e a casa, no sábado a dinâmica pode ser diferente. A ideia é justamente pegar aquela parcela de famílias que, pelo ritmo da vida, acaba ficando para trás na atualização das condicionalidades de saúde do programa.
E o que precisa ser feito? É mais que uma obrigação burocrática. É um encontro. Os técnicos vão checar a caderneta de vacinação, pesar e medir as crianças menores de 7 anos. Vão acompanhar de perto como anda o pré-natal das gestantes e avaliar a saúde de mulheres em idade fértil. Um check-up vital que, no aperto do dia a dia, muitas vezes é negligenciado.
Para ir, é preciso juntar a papelada: cartão do Bolsa Família, RG, CPF e a caderneta da criança ou da gestante. A lista completa dos postos que vão funcionar no sábado será divulgada no perfil @smssalvador no Instagram — um detalhe importante para planejar o deslocamento.
Os números mostram a dimensão do desafio. Em Salvador, cerca de 479 mil pessoas precisam regularizar a situação neste segundo semestre de 2025. Até agora, 209 mil fizeram isso. A cobertura está em 43,6%, um número que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) quer ver subir rapidamente.
Mas será que as famílias enxergam essa ida ao posto como uma oportunidade ou só como mais uma exigência? Nailza Barbosa, técnica de referência do programa na SMS, defende o primeiro. Para ela, esse acompanhamento transcende a manutenção do benefício financeiro.
“É uma porta de entrada para o cuidado”, afirma Nailza. O objetivo real, segundo a técnica, é promover orientação, prevenção e acolhimento. “Quanto antes as famílias comparecerem, melhor conseguimos organizar o fluxo e garantir que ninguém fique de fora”, completa.
A fala é cheia de boa intenção, e o gestor público sabe bem: um sábado de portas abertas pode ser a diferença entre uma criança com a vacina em dia ou não. Entre uma gestante com seu pré-natal monitorado ou abandonado. No fim, o Sábado do Bolsa Família é um teste. Um teste de quanto a cidade consegue, de fato, se inclinar para atender quem mais precisa.
