Brasil
Presidente Lula inaugura trecho do Ramal do Apodi na Paraíba e reforça compromisso com o semiárido

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira (28) da entrega do primeiro trecho do Ramal do Apodi, na barragem Redondo, próxima a Cachoeira dos Índios, no sertão paraibano. O evento integra a jornada Caminho das Águas, que congrega mais de 70 iniciativas de infraestrutura hídrica do Novo PAC.
A obra, extensão de 115,5 quilômetros entre a barragem Caiçara, na Paraíba, e a barragem Angicos, no Rio Grande do Norte, projeta vazão de 40 metros cúbicos por segundo. Iniciada em 2021, apresenta 74,83% de conclusão e está orçada em R$ 1,45 bilhão, com a entrega total prevista para outubro de 2026. Ao ser finalizado, o ramal beneficiará aproximadamente 750 mil habitantes em 54 municípios de ambos os estados.
Em seu discurso, Lula relembrou sua vivência com a seca desde a infância em Pernambuco. Com voz marcada pela emoção, relatou a experiência da mãe ao deslocar os oito filhos “dentro de um pau de arara” em 1952 devido à ausência de água. E tirou da memória uma constatação contundente: a seca é fenômeno natural, mas a fome decorrente dela decorre da falta de responsabilidade dos governantes. Contou que trouxe resistência ao projeto de captação das águas do São Francisco, mas insistiu em sua realização. Nunca imaginei que veria uma obra dessa magnitude, disse, referindo-se à longa espera de 179 anos por essa solução.
O presidente ressaltou seu objetivo de captar parte da água antes que ela desembarque no mar para atender às necessidades básicas do sertão, como beber, tomar banho e lavar. A obra representa “a decisão mais importante” de sua vida, pois enfrentou ceticismo, mas venceu o obstáculo histórico.
Esforços do governo e impactos regionais
O ministro da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, destacou que Lula viabilizou a transposição do São Francisco desde 2007, com 90% das obras concluídas até 2016, durante os mandatos de Lula e Dilma Rousseff. Em 2023, encontrou as obras paralisadas, sem orçamento adequado e com bombas danificadas. Com apoio político, conseguiu realocar recursos por meio da PEC da transição para retomar os trabalhos e dar continuidade ao Ramal do Apodi e demais ações de segurança hídrica.
Além disso, o governo assegura desapropriações necessárias e constrói sete vilas produtivas rurais, incluindo duas em Cachoeira dos Índios. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, considerou a iniciativa uma das maiores obras hídricas do planeta, com investimentos de R$ 11 bilhões em seu mandato para levar água ao Nordeste e outras regiões brasileiras.
Na Paraíba, o governador João Azevedo destacou as redes de adutoras que, somadas, alcançam 710 quilômetros e beneficiam o Cariri e o Curimataú. Para ele, tudo isso só foi possível graças à transposição iniciada no governo Lula, que forneceu a fonte hídrica para essas construções.
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, apontou que as águas que chegam ao seu estado e também ao Ceará e à Paraíba simbolizam esperança e trazem dignidade e justiça social para milhares de habitantes.
O maior projeto hídrico do Brasil em movimento
O Caminho das Águas, conjunto que engloba além da transposição do São Francisco mais de 70 projetos de infraestrutura como adutoras, ramais e reservatórios nos estados da Bahia, Alagoas, Piauí e Maranhão, está em fase de inspeção. Uma comitiva liderada por Waldez Góes visita essas obras entre maio e junho para acompanhar o andamento.
No domingo, 25 de maio, a jornada percorreu o eixo Norte da transposição, em Cabrobó (PE), iniciando um trajeto de 260 quilômetros que abastece 237 municípios em Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Cerca de 8,1 milhões de pessoas são atendidas por essa rede.
O projeto, diga-se, é uma aposta ousada no futuro do semiárido, que agora caminha para garantir água a milhões de brasileiros que durante séculos enfrentaram a seca com poucas alternativas. Lula, com as mãos ainda marcadas pelo gesto simbólico da entrega, demonstrou que essa vitória é também da população que espera por essa água há quase dois séculos.