Política
PGR solicita inquérito contra Eduardo Bolsonaro por atuação nos EUA

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, formalizou pedido de abertura de inquérito para investigar o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, do PL-SP, por ações exercidas nos Estados Unidos contra autoridades e instituições brasileiras. O relator designado para o caso é o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escolhido em razão da conexão do tema com processos já sob sua relatoria. O projeto, diga-se, é uma aposta ousada.
Segundo Gonet, as condutas de Eduardo Bolsonaro no exterior indicam tentativa de intimidação a membros do Judiciário, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal. Ele aponta que essas ações coincidem com o andamento de uma ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai do parlamentar. O procurador sugere que tais práticas podem constituir coação no curso do processo e obstrução de investigações relacionadas a uma organização criminosa, além de caracterizar tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Desde março, Eduardo Bolsonaro mudou-se para os EUA, onde intensificou sua agenda em busca de sanções internacionais contra autoridades brasileiras. Seu cotidiano nas redes sociais revela uma série de encontros políticos e diplomáticos alinhados a essa estratégia, na qual denuncia perseguição política e supostas violações de direitos humanos no Brasil.
Curiosamente, essa movimentação precedeu em poucos dias a transformação de Jair Bolsonaro em réu no STF, acusado formalmente pela Procuradoria de liderar um grupo armado que teria tentado um golpe de Estado. A ação do deputado, portanto, parece alinhada com a intenção de interferir nas investigações criminais em andamento.
Entre os interlocutores citados está o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que em audiência pública indicou a possibilidade de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Gonet quer que a Polícia Federal documente detalhadamente os passos e as alianças do parlamentar no exterior.
Além disso, o procurador solicitou que o próprio Jair Bolsonaro seja ouvido no inquérito, por ser identificado como beneficiário direto das ações do filho e responsável pela sustentação financeira de sua estadia nos Estados Unidos.
A investigação tem origem em representação criminal apresentada pelo deputado Lindbergh Farias, do PT-RJ, que denunciou Eduardo Bolsonaro por atentado à soberania nacional. O prefeito, com as mãos sujas de tinta, inaugurou um cenário jurídico que promete agitar o cenário político nacional. Nunca imaginei que veria tamanha mobilização internacional protagonizada por um parlamentar brasileiro.