Uma rota direta e sem semáforos agora liga o Subúrbio Ferroviário à BR-324. A obra, entregue pelo governo estadual, é um investimento de R$ 17,5 milhões que mira desafogar o caos viário da capital.
O fim do desvio obrigatório por Campinas
A cena era conhecida — e sofrida — por milhares de motoristas. Ao sair dos túneis do Lobato, o destino impedia a curva à direita. A única saída era subir a sinuosa Estrada de Campinas, engolir o semáforo e se misturar ao congestionamento rumo a São Caetano, para só então alcançar a BR-324. Era um rodeio inevitável que começou a virar história nesta quinta-feira (4).
O governador Jerônimo Rodrigues cortou a fita da nova ligação Lobato x BR-324, uma intervenção que cria um acesso direto entre o Subúrbio Ferroviário e a rodovia federal. A promessa é clara: reduzir engarrafamentos e entregar um fôlego — ainda que seja um — à mobilidade de Salvador. O tráfego foi liberado na hora.
“São R$ 17 milhões que contemplam três vias”, detalhou Jerônimo, destacando o alívio que a obra trará também para o acesso à nova rodoviária. A fala oficial carrega otimismo, mas a prova de fogo será dada no vai e vem dos próximos dias, no pulso da cidade.
Investimento em três frentes: nova ligação e marginais alargadas
A nova pista, que consumiu R$ 5,9 milhões, é a face mais visível do pacote. Mas a entrega foi tríplice. O evento também marcou a conclusão do alargamento das marginais Norte e Sul da própria BR-324, trechos que já estavam em uso mas ganharam capacidade.
Na Marginal Norte, foram 404 metros de extensão e novo asfalto, com investimento de R$ 3,6 milhões. Na Sul, outros 307 metros requalificados, ao custo de R$ 7,9 milhões. A conta soma R$ 17,5 milhões. “Entregamos o melhor, com modernidade e segurança”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira. A declaração é a que se espera de uma gestão, mas o bom mesmo será atestado no dia a dia de quem dirige.
A voz de quem vive o trânsito: alívio e prevenção de acidentes
Enquanto autoridades falavam em cerimônia, do outro lado do asfalto fresco a avaliação era prática e imediata. Edson Manoel, caminhoneiro de 52 anos que trafega diariamente pela região, enxergou além da fluidez. “Será muito melhor… É um cuidado com os motoristas, porque evita acidentes”, disse. É essa a expectativa real: mais que ganhar minutos, é ganhar segurança. A nova via, ao direcionar o fluxo, tira veículos do caminho conflituoso de Campinas. — Uma mudança simples que pode salvar vidas.
Mais do que asfalto: a peça de um quebra-cabeça maior
Para a Conder, empresa estadual que executou as obras, o projeto não é uma solução isolada. O presidente José Trindade o descreve como parte do “novo Complexo Metrô-Rodoviário de Salvador”, uma resposta necessária à expansão do metrô para Cajazeiras e à implantação da nova rodoviária.
A perspectiva é lógica: a cidade cresce, os sistemas de transporte precisam dialogar. A pergunta que fica é se essas intervenções pontuais — ainda que bem-vindas — serão suficientes para tratar o mal crônico da mobilidade baiana. A nova ligação é um remendo importante, um alívio concreto para uma região. Mas será o primeiro de muitos, ou apenas um oásis de organização em um cenário de trânsito que ainda clama por soluções integradas e ousadas? O asfalto novo está lá. Agora, Salvador aguarda pela próxima peça do quebra-cabeça.
