Em decisão deste domingo (23), o ministro Alexandre de Moraes permitiu que Michelle Bolsonaro visite o ex-presidente, preso desde sábado. A visita ocorrerá em horário restrito, enquanto a defesa corre contra o tempo para apresentar recursos.
A tensão que paira sobre a Superintendência da Polícia Federal em Brasília terá, por duas horas, uma trégua familiar. Neste domingo (23), o ministro Alexandre de Moraes autorizou que Michelle Bolsonaro visite o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso preventivamente desde a manhã de sábado (22). A permissão, porém, veio cercada de restrições — um reflexo do rigor que tem marcado o caso.
A visita de Michelle está marcada para o intervalo entre 15h e 17h. Já o pedido para que os filhos do ex-presidente também pudessem visitá-lo foi negado por falta de informações. Moraes destacou que a defesa não especificou quais filhos fariam a visita, e determinou que o pedimento seja complementado. Um detalhe burocrático que, no atual contexto, ganha peso de decisão.
Enquanto isso, os relógios seguem correndo para a defesa. Ainda neste domingo, às 16h30, termina o prazo para que os advogados se manifestem sobre a violação da tornozeleira eletrônica — o episódio que, em última análise, precipitou a mudança da prisão domiciliar para a carceragem da PF.
A prisão e a tentativa de romper o rastro
A decisão de transferir Bolsonaro para a PF não surgiu do nada. Na sexta-feira (21), um alerta soou na Secretaria de Administração Penitenciária do DF: o ex-presidente usou uma solda para tentar abrir a tornozeleira. O fato, por si só, seria grave. Mas o ministro do STF avaliou que ele se somava a outro elemento de risco — a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro nas proximidades da casa.
A combinação foi explosiva. Para Moraes, havia risco de fuga. A prisão preventiva foi decretada no sábado, e o pedido de prisão domiciliar humanitária, formulado pela defesa na mesma sexta, já havia sido negado. A estratégia de apelar para o lado humanitário não colou.
O futuro a médio prazo: a execução da pena
Para além da prisão preventiva, um horizonte mais definitivo se desenha. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão na ação penal da trama golpista. A Primeira Turma do STF já rejeitou os embargos de declaração do ex-presidente e de outros seis acusados.
Agora, o prazo final para a apresentação dos últimos recursos se encerra neste domingo. Se forem rejeitados, as penas podem começar a ser executadas nas próximas semanas — em regime fechado. A visita de Michelle, neste contexto, é mais do que um encontro conjugal; é um intervalo num processo que parece irreversivelmente encaminhado.
