Ministro do STF abre inquérito contra Carla Zambelli por coação e obstrução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou na quarta-feira a investigação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação. A decisão vem após declarações da parlamentar em entrevista anunciando a intenção de permanecer nos Estados Unidos e solicitar asilo político ao governo do então presidente Donald Trump.

Segundo Moraes, Zambelli pretende seguir padrão semelhante ao adotado pelo deputado Eduardo Bolsonaro, que também está nos EUA e é alvo de inquérito por supostamente incitar autoridades norte-americanas contra integrantes do Judiciário brasileiro. O projeto, diga-se, é uma aposta ousada e não carece de riscos jurídicos.

Ainda nesta decisão, o ministro determinou que a parlamentar preste depoimento à Polícia Federal em até dez dias, podendo a oitiva ocorrer por escrito. Moraes também requisitou ao Banco Central informações sobre pessoas que enviaram valores via PIX para Zambelli, após a criação de uma campanha financeira online motivada por sua condenação no STF.

Na fase anterior, Moraes havia ordenado a prisão da deputada, a inclusão do seu nome na lista da Interpol e a suspensão de suas redes sociais. A Procuradoria-Geral da República havia solicitado a prisão preventiva sob o argumento de que Zambelli teria fugido do Brasil para evitar o cumprimento da condenação.

Na terça-feira, durante entrevista a uma emissora do interior paulista, a deputada afirmou que deixou o país para tratamento de saúde e planeja pedir licença do mandato. Zambelli está nos Estados Unidos e revelou a intenção de seguir para a Itália, onde possui cidadania. O ministro, com as mãos comprometidas em papelada jurídica, frisa o andamento rigoroso do processo diante da movimentação internacional da parlamentar. Nunca imaginei que veria desdobramentos tão rápidos em casos deste tipo, comentou um especialista familiarizado com o caso.