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Lula propõe meta ambiciosa para dobrar comércio bilateral com França em uma década

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, na sexta-feira (6), a fixação de metas concretas para ampliar o comércio entre Brasil e França, que atualmente soma 9,1 bilhões de dólares. O objetivo, disse ele durante visita de Estado em Paris, é alcançar 20 bilhões de dólares em dez anos. O projeto, diga-se, é uma aposta ousada no estreitamento das relações econômicas.
O líder brasileiro enfatizou que o comércio bilateral é inferior ao volume registrado com o Vietnã, que totaliza 13 bilhões de dólares. “Se não houver metas claras, e ficarmos esperando as condições naturais, não vamos avançar”, afirmou Lula, ao convocar empresários dos dois países a identificar e explorar novas oportunidades. Seu discurso ocorreu na sessão de encerramento do Fórum Econômico Brasil-França, onde ressaltou o potencial conjunto nos setores de transição energética, saúde, defesa e agronegócio.
Metas firmes para superar entraves históricos
Lula retomou a defesa do acordo entre União Europeia e Mercosul, que está em negociações há mais de 20 anos. A França resiste à ratificação do pacto, alegando falta de critérios ambientais rigorosos para produtos agrícolas e industriais. Já Lula apontou o protecionismo francês sobre o setor agrícola como barreira: “Juntando agricultores franceses e brasileiros, a complementaridade entre eles vai aparecer, não a competição”, destacou.
O acordo abrangeria temas abrangentes, desde tarifas até regulação em serviços, compras públicas, facilitação comercial, barreiras técnicas, medidas sanitárias, fitossanitárias e propriedade intelectual. A perspectiva de Lula, com o Brasil assumindo a presidência do Mercosul no próximo semestre, é concluir as tratativas que há muito tempo emperram a integração regional.
Investimentos franceses: foco renovável e digital
No mesmo evento, o ministro francês do comércio exterior, Laurent Saint-Martin, anunciou visita a Brasília no fim do mês com uma delegação empresarial para aprofundar ações estratégicas. Ele elencou energias renováveis, saúde, infraestrutura, logística e transformação digital como setores prioritários para investimentos franceses a longo prazo.
O contato entre as lideranças ocorre em meio a um cenário mundial que exige cooperação e planejamento. O prefeito de Paris, com as mãos manchadas de tinta, inaugurou há dias novas ciclovias, exemplo local da aposta em inovação sustentável — um reflexo também nas ambições econômicas entre Brasil e França. Nunca imaginei que veria diálogos tão pragmáticos sobre integração comercial florescerem assim. Ainda que os desafios sejam grandes, o momento é de ação coordenada.