O mercado financeiro respirou aliviado nesta quinta, puxado pelo exterior e pelo tom do Copom. O dólar chegou a tocar os R$ 5,39, enquanto a Bolsa conseguiu fechar no azul — ainda que por pouco.
O dia foi de nervos à base de números, mas terminou com um suspiro de alívio. Enquanto o Copom do Brasil mantinha o tom duro e o Fed americano cortava juros, o câmbio e a Bolsa brasileira tentaram encontrar seu caminho. O resultado: uma queda expressiva do dólar e uma bolsa que conseguiu se segurar no positivo, mesmo à beira de uma queda.
O dólar comercial fechou a R$ 5,404, uma queda de 1,17% na ponta do lápis. O movimento veio de fora para dentro: com os juros nos EUA mais baixos e a Selic brasileira ainda altíssima, a diferença ficou irresistível para parte dos capitais internacionais. Dinheiro estrangeiro entrando alivia a pressão sobre a moeda.
Mas atenção. Apesar do bom desempenho do dia, a moeda ainda acumula alta em dezembro. É aquele alívio momentâneo, não uma virada de jogo. No ano, porém, a queda de 12,56% ainda mantém o sorriso no rosto do investidor.
No pregão, a história foi de volatilidade. O Ibovespa chegou a subir quase 0,5% no começo da tarde, mas perdeu fôlego nas horas finais. O fechamento foi tímido: alta de apenas 0,07%, aos 159.189 pontos. Se não fossem as ações de mineradoras segurando a ponta, o saldo poderia ter sido outro.
O que moveu os ponteiros? Dois pesos-pesados. Internamente, foi o Copom que deu o tom. O comitê manteve a Selic e, em seu comunicado, não deu qualquer sinal de que pretende iniciar cortes já em janeiro. Esse “pé no freio” foi lido como compromisso com o controle da inflação — e o mercado gostou.
Do lado de fora, a jogada veio do Federal Reserve. O banco central americano reduziu seus juros, ampliando ainda mais o abismo entre o custo do dinheiro lá e aqui. Essa diferença é um ímã para dólares que buscam rentabilidade. Simples assim.
No fim das contas, foi um dia em que a lógica básica do mercado se impôs: juros altos no Brasil e em queda nos EUA atraem capital. Isso segura o dólar e dá um fôlego para a Bolsa. A pergunta que o pregão de amanhã trará é se esse fôlego é passageiro ou se conseguiremos, de fato, construir uma tendência. O mercado, claro, ficou de olho no copo d’água — mas sabe que a sede por estabilidade ainda é grande.
