No dia do lapidário, o olhar vai para quem transforma pedra bruta em riqueza. Com 84 novos profissionais formados em 2025, o Centro Gemológico da Bahia aposta na qualificação para dar brilho real ao potencial mineral do estado.
O trabalho do lapidário é alquimia pura: transforma a matéria bruta, escondida na terra, em luz e valor. Neste sábado (13), data que homenageia esses artistas técnicos, um centro em Salvador se revela como o coração dessa transformação na Bahia. O Centro Gemológico da Bahia (CGB), no Pelourinho, certificou 84 novos lapidários em 2025 através de 14 oficinas — e é a única instituição do Nordeste a oferecer esse curso.
Gerido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o CGB não é apenas uma escola. É uma estratégia. “O trabalho do lapidário é essencial para converter o potencial mineral da Bahia em valor real”, afirma o professor e ourives Victor Eloy, que também foi aluno da casa. A missão é clara: capacitar mão de obra qualificada para uma cadeia produtiva que tem demanda, mas sofre com a escassez de profissionais.
O caminho da pedra: do exame às facetas
A lapidação é uma arte de paciência e precisão. Antes de qualquer ferramenta tocar o mineral, o olho treinado do lapidário examina a peça. É preciso entender sua dureza, suas falhas internas e definir a orientação de corte que vai maximizar sua cor e brilho. Só então começa o processo meticuloso: o plano de corte, a serragem, o ajuste manual da forma, a calibragem milimétrica.
No CGB, o foco é na lapidação de catraca. “Após a formação, a gema é colocada na catraca, um braço semimecânico que auxilia na precisão do facetamento”, explica Eloy. A ferramenta facilita o aprendizado, mas não substitui o conhecimento. A fase final, o polimento, é onde a mágica acontece — é o gesto que libera o fogo interior da pedra, fazendo-a brilhar intensamente.
Mais que um curso, uma porta de entrada
Miguel Conceição era admirador do universo das gemas ainda em Alagoas. Mudou-se para Salvador e encontrou no CGB o caminho para sua paixão. “O curso possibilita essa inserção no mercado, abre portas para a profissionalização”, diz ele, que já planeja empreender. A experiência de Miguel reflete o propósito do centro: gerar impacto socioeconômico a partir da qualificação.
Para Monica Correa, coordenadora do CGB, as oficinas “têm o propósito de capacitar profissionais para atuarem com qualificação técnica, transformando gemas em verdadeiras obras de arte”. E o mercado aguarda. A Bahia, com sua diversidade geológica, é um celeiro de matérias-primas. O gargalo sempre foi a transformação — o que torna cada novo lapidário formado um elo crucial para que a riqueza mineral vire joia, emprego e renda aqui mesmo.
E o que vem pela frente?
O laboratório do CGB não é só escola; é também referência. É o único do Norte-Nordeste integrado à Rede de Laboratórios Gemológicos do IBGM, com certificação internacional. Oferece identificação gemológica gratuita e está de portas abertas para visitação.
O calendário de cursos para 2026 será revelado no próximo dia 18, durante a comemoração dos 30 anos da instituição. O evento também terá a entrega de certificados e um desfile da coleção “Reconexão Ancestral”, com peças criadas por alunos. A pergunta que fica é: quantos outros talentos, ainda brutos como as gemas que manuseiam, estão por ser descobertos e polidos pela Bahia?
Para saber mais: Inscrições na sede (Rua Gregório de Matos, 27, Pelourinho) ou pelo formulário no Instagram @centrogemologicoba. Carga horária: 20 horas. Idade mínima: 18 anos com ensino fundamental completo. Telefone: (71) 3115-7904.
