Em uma tarde no Hospital Mont Serrat, o remédio veio em quatro patas. A visita da cão terapeuta “Dra. Amie” trouxe um bálsamo de alegria e aconchego para quem enfrenta o delicado caminho dos cuidados paliativos.
Nos corredores silenciosos de um hospital de cuidados paliativos, a felicidade às vezes late. Foi o que aconteceu na última segunda-feira no Hospital Mont Serrat, na Cidade Baixa, quando a “Dra. Amie” fez suas rondas. Com seu jeito dócil — e um olhar que parece entender tudo —, a cão terapeuta virou o centro das atenções, derretendo a solenidade do ambiente com pura alegria.
A cena foi simples, mas poderosa. Pacientes, familiares e até a equipe de saúde pararam. Por um momento, a rotina pesada deu lugar a sorrisos, carícias e histórias leves. A iniciativa, parte do programa de Terapia Assistida por Animais (TAA) do Voluntariado das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), vai além do gesto bonito.
— É o reconhecimento de que a cura não está só no medicamento — reflete a abordagem do hospital. A saúde integral, que envolve mente e emoções, precisa de abordagens inovadoras. E os animais, com sua presença despretensiosa, têm uma capacidade única de tocar onde as palavras muitas vezes não chegam.
Os benefícios são concretos e respaldados: redução de ansiedade e estresse, melhora do humor e um alívio tangível da dor emocional. Para quem enfrenta uma internação prolongada ou um tratamento delicado, esse sopro de vida normal é um respiro fundamental. A proposta agora é tornar essas visitas mais regulares, incorporando a TAA à rotina do Mont Serrat.
Claro, nada é feito sem cuidado extremo. As visitas seguem protocolos rígidos de higiene e segurança, alinhados com o controle de infecção hospitalar e com aval médico. Toda a ternura é planejada para garantir o bem-estar e a proteção de todos — humanos e animais.
Mas a pergunta que fica, depois de uma tarde como essa, é singela: quantos remédios têm pelo quente e um rabo que abana? O projeto mostra que, no frágil equilíbrio entre a vida e a despedida, um pouco de afeto incondicional pode ser a terapia mais sábia — e necessária.
