Camex usa fundo público para baratear querosene de aviação

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Camex usa fundo público para baratear querosene de aviação

Lúcia L.F
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Avião decolando© Tony Winston/Ministério da Saúde

Em uma jogada para aliviar os custos das companhias aéreas, a Camex autorizou o uso de um fundo de garantia de exportações para financiar a compra de querosene. A medida, que pode injetar R$ 2 bilhões, chega em um momento crítico para a Azul, que busca aprovar sua recuperação judicial.

O governo federal abriu os cofres públicos para tentar refrigerar uma das maiores dores das companhias aéreas: o preço do combustível. Nesta quinta-feira (27), o Comitê-Executivo da Camex aprovou um mecanismo que permite às empresas financiarem a compra de querosene de aviação (QAV) com a garantia do Fundo de Garantia às Exportações (FGE). A linha de crédito pode chegar a R$ 2 bilhões.

A questão é que o acesso a esse dinheiro, que vem com juros menores, não é de graça. — As companhias terão que estimular o desenvolvimento do mercado de combustível sustentável de aviação (SAF) no Brasil. É a contrapartida.

Segundo o Mdic, há três caminhos possíveis para cumprir a exigência: comprar SAF produzido nacionalmente, investir em fábricas do setor no país ou fazer aportes no Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial, desde que direcionados a projetos de combustível sustentável.

Alívio imediato para a Azul

A medida não é apenas sobre o futuro verde da aviação. Ela tem um alvo claro e imediato. A medida tende a beneficiar diretamente a Azul, que está no olho do furacão. A empresa apresentou à justiça dos Estados Unidos um plano de recuperação judicial e precisa, urgentemente, comprovar solidez financeira para ter o processo homologado.

Para a Azul, esse mecanismo é um sopro de oxigênio. O novo crédito funciona como um reforço imediato de capital de giro, um respiro para o caixa enquanto navega pelas complexidades de sua reestruturação.

Entre o custo e a consciência ambiental

O Ministério do Desenvolvimento defende a iniciativa como uma forma dupla de reduzir custos operacionais do setor e, ao mesmo tempo, apoiar a transição energética. Mas será que a pressão por resultados financeiros imediatos não vai ofuscar o compromisso ambiental de longo prazo?

A proposta, elaborada por um conjunto de dez ministérios e pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas, parece tentar equilibrar as duas pontas. O caminho agora é ver se as companhias vão de fato abraçar a causa do combustível sustentável ou se tratar a contrapartida como mera formalidade burocrática.

Outras decisões na mesa

A reunião da Camex não parou no querosene. O comitê também mexeu em medidas de defesa comercial. Aprovou a prorrogação — por até cinco anos — dos direitos antidumping sobre pneus de motocicletas vindos da China, Tailândia e Vietnã.

Essas sobretaxas, permitidas pela OMC, são aplicadas quando se comprova que produtos importados são vendidos abaixo do custo, prática que prejudica a indústria nacional. O Gecex manteve medidas similares para alto-falantes automotivos e revogou um direito provisório sobre fios de náilon.

Por fim, deu sinal verde a outros 17 pedidos no mecanismo de desabastecimento, reduzindo tarifas de importação para insumos essenciais que estão em falta no mercado interno, como tintas para impressão e componentes eletrônicos. Uma reunião que mostrou o governo com uma mão no volante da crise setorial e outra no controle da competitividade industrial.

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