Ferro de solda, tentativa frustrada e nova prisão. Um vídeo e um relatório oficial detalham a tentativa do ex-presidente Jair Bolsonaro de violar a tornozeleira eletrônica, o que culminou em sua prisão preventiva pela Polícia Federal.
A tentativa foi tão inusitada quanto ineficaz. Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, usou um ferro de solda para tentar romper a tornozeleira eletrônica que monitorava seus passos. A justificativa? “[Foi] curiosidade”, admitiu o ex-presidente, segundo relatório da administração penitenciária do DF.
O sistema de monitoramento não perdoou a aventura. Às 00h07 de sábado (22), um alerta de violação soou. Poucas horas depois, ainda pela manhã, agentes da Polícia Federal cumpriam a ordem de prisão preventiva.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, tornou públicos o relatório e o vídeo que comprovam o ato. O documento não deixa dúvidas: o equipamento apresentava marcas de queimadura em toda a sua circunferência. Questionado, Bolsonaro não hesitou em detalhar o método — confirmou o uso do ferro de solda na tentativa de abrir o dispositivo, que foi substituído logo em seguida.
Mas a curiosidade, nesse caso, tem um preço alto. A decisão de Moraes que determinou a nova prisão foi taxativa: a reunião de apoiadores — convocada pelo senador Flávio Bolsonaro — próxima à casa do pai, somada à violação da tornozeleira, criava um cenário de risco. Poderia causar tumulto e, nas palavras do ministro, facilitar uma “eventual tentativa de fuga do réu”.
O episódio acontece no momento mais crítico para o ex-presidente. Condenado a 27 anos na ação penal da trama golpista, Bolsonaro e os demais réus esgotam os prazos para recursos. Neste domingo (23), terminam as possibilidades de apresentar novos pedidos. Se nada for aceito, as prisões em regime fechado serão executadas — e a tentativa com o ferro de solda pode ter sido o último ato de uma fase que chega ao fim.
A defesa já anuncia que recorrerá da prisão preventiva. Mas, diante das imagens e do relatório, o desafio será convencer não só a lei, mas a opinião pública.
