O calorão baiano chegou com tudo, e no Parque Zoobotânico da Bahia a rotina mudou. Enquanto a cidade busca o vento do mar, os animais ganham picolés especiais, cascatas e muita sombra em um protocolo de verão pensado espécie por espécie.
O verão na Bahia não é brincadeira. E se para as pessoas a solução é praia e sorvete, para os moradores do Parque Zoobotânico da Bahia (Zoo Bahia) o alívio do calor exige um planejamento tão meticuloso quanto científico. Gerido pelo Inema, o parque intensifica agora uma série de ações — algumas curiosas, todas essenciais — para garantir que grandes felinos, aves e primatas, mais sensíveis às altas temperaturas, enfrentem a estação com saúde.
A gestora do Parque, a bióloga Ana Celly, explica que não se trata de uma reação de última hora, mas de um reforço em protocolos que já existem. “As ações são planejadas ao longo do ano, mas no verão a gente redobra os cuidados, amplia a oferta de recursos e intensifica o monitoramento”, destaca. A rotina vira, então, um balé de atenção constante.
A estrela desse verão tem nome: zoocolés. Mas esqueça a ideia de um picolé comum. “Esses picolés são pensados de animal por animal”, frisa Ana Celly. Produzidos pela equipe de nutrição, eles seguem à risca a dieta de cada espécie, servindo como uma ferramenta dupla de hidratação e conforto térmico. É nutrição e refresco em um só.
E os animais, claro, têm suas próprias táticas. Kethelly Vyvyan, estagiária do Zoo, conta um detalhe fascinante sobre os primatas: “Com os macaquinhos, percebemos que alguns acham o picolé muito gelado. Então eles quebram o gelo e aproveitam apenas o ‘caldinho’, lambendo aos poucos”. — uma gambiarra inteligente que, além de resolver o problema do frio, mostra como o enriquecimento ambiental estimula comportamentos naturais.
Mas o plano de verão vai muito além da guloseima gelada. É um ataque em três frentes: hídrica, térmica e comportamental.
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Água: oferta de água de coco, piscinas nos recintos e cascatas em funcionamento contínuo.
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Sombra: expansão de áreas sombreadas e reforço das barreiras vegetais, criando refúgios naturais contra o sol.
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Estímulo: ações de enriquecimento ambiental que ocupam a mente dos animais e os mantêm ativos nos horários mais amenos.
Nos bastidores, a equipe de veterinários e tratadores fica em estado de alerta. O acompanhamento clínico é intensificado para identificar qualquer sinal de estresse térmico. Se necessário, o atendimento é imediato — com tratamento sintomático e ajustes rápidos no recinto, como melhorar a ventilação ou criar mais sombra.
O resultado é um lugar que, mesmo sob o sol intenso, mantém o ritmo de um compromisso maior. O Zoo Bahia, referência em conservação, mostra que seu trabalho de educação e lazer anda de mãos dadas com uma gestão responsável. O bem-estar animal, aqui, não é um item sazonal da agenda. É um dever que se renova a cada dia — especialmente quando o verão baiano resolve mostrar toda a sua força.
