Os trilhos começam a esquentar em Salvador. Os primeiros vagões do VLT já estão na oficina da Calçada, dando início a uma fase crucial de testes que pode, finalmente, colocar o sistema nos trilhos em 2026.
Os primeiros módulos do VLT baixaram em Salvador nesta quinta-feira (4) — não com fanfarra, mas com o trabalho paciente de um trator rebocador. Eles foram instalados nos trilhos do pátio da Calçada e levados para a oficina. Lá, a rotina será de ajustes finos: atualizações de software, checagem das interfaces e uma preparação meticulosa. É o primeiro sopro de vida em um projeto que há anos vive nos planos e nos discursos.
Jerônimo Rodrigues apresentou os sete módulos acoplados na véspera. Agora energizados, eles passarão por verificação de funcionalidade na oficina antes da fase seguinte. E essa fase é longa.
A longa espera sobre trilhos
Segundo a CTB, os testes técnicos só começam em janeiro. Um trajeto modesto, de cerca de 3km entre Calçada e Lobato, será o palco por aproximadamente seis meses. Só depois dessa maratona de checagens é que se fala em operação assistida para o segundo semestre de 2026.
A pergunta que não quer calar é se o cronograma, já tão alongado, vai segurar a pressão. A promessa de mobilidade para Salvador sempre esbarrou em contratempos.
O sistema e seu mapa de R$ 5,4 bilhões
O VLT é um colosso de investimento e extensão: R$ 5,4 bilhões para 40 km de trilhos e 42 paradas, divididos em três trechos que cortarão a cidade do Comércio a Piatã, passando por Paripe e Águas Claras. A obra total, com conclusão prevista para 2028, desenha um novo mapa de deslocamento na capital.
Mas entre o vagão parado na oficina e a viagem ágil do cidadão, há um abismo de desafios técnicos e operacionais. Salvador observa, com esperança e um ceticismo bem fundamentado, os primeiros movimentos dos trens. A cidade aguarda para ver se, dessa vez, o futuro chega no horário.
