Os números não mentem: o agronegócio segue como a espinha dorsal da economia baiana. No último trimestre, o setor respondeu por quase 25% de tudo que o estado produziu, com um salto robusto de 8,1% no PIB.
O campo baiano não para de crescer. Enquanto as atenções muitas vezes se voltam para o litoral e os centros urbanos, são as lavouras e as pastagens que seguem gerando riqueza de forma consistente — e em um ritmo impressionante. Dados da SEI mostram que, entre julho e setembro, o PIB do agronegócio atingiu a marca de R$ 32,5 bilhões. Isso significa que, de cada quatro reais gerados na Bahia, quase um saiu diretamente das atividades do campo.
O crescimento nominal de 8,1% na comparação com 2024 veio de uma combinação poderosa: mais produto chegando ao mercado e preços melhores. O volume cresceu 6,2%, enquanto os preços subiram 1,8%.
O que explica essa força toda? Três frentes se destacam. A produção de cereais disparou 21%, as lavouras permanentes — como frutas e cacau — cresceram expressivos 24,5%, e o nosso café avançou 14%. Só na produção de grãos, a safra de 2025 foi 10,9% maior, batendo a casa das 13,9 milhões de toneladas.
Mas a estrela do trimestre, sem dúvida, foi a pecuária. O setor não apenas produziu mais, como viu o valor do seu principal produto subir de forma substantiva. Basta olhar para Feira de Santana, um dos principais centros de negócios do estado: o preço médio do boi gordo saltou de R$ 214,00 no terceiro trimestre de 2024 para R$ 290,00 no mesmo período de 2025. — um aquecimento que encheu o bolso do produtor.
Por trás dessa dinâmica positiva, dois motores aparecem com clareza. Internamente, a renda em alta e o desemprego em recuo colocaram mais proteína na mesa do baiano. Externamente, as exportações, principalmente de carne, bateram recordes, puxando o abate de animais e escoando a produção.
Só que um olhar mais atento revela que o bolo não cresceu de maneira uniforme. Enquanto a produção primária disparou, as atividades ligadas à industrialização e à comercialização desses produtos ficaram praticamente estagnadas. A pergunta que fica é: até que ponto a riqueza gerada pelas lavouras e pelos currais está de fato se espalhando por toda a cadeia, ou se concentrando na ponta inicial?
