Tecnologia vira aliada do empreendedorismo negro no Movaê

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Tecnologia vira aliada do empreendedorismo negro no Movaê

P. Fonseca
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Dois rapazes ogando em C em uma mostra de tecnologia do governo da bahiaFoto: Gustavo Almeida/ Ascom Sepromi

Óculos de realidade virtual, estúdios de game locais e muita identidade. No II Festival Movaê, a inovação tecnológica foi peça-chave para fortalecer o protagonismo negro e reafirmar a cultura baiana.

O Largo Tereza Batista, no coração do Pelourinho, sempre foi palco de resistência. De 21 a 23 de novembro, porém, a resistência veio com óculos de realidade virtual e controles de videogame. O II Festival Movaê transformou o local em um território de invenção, mostrando que tecnologia e ancestralidade podem, sim, caminhar juntas.

A Secti (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação) montou uma tenda onde o futuro era mais do que uma promessa — era uma experiência imersiva. Jovens, muitos deles tendo o primeiro contato com esse tipo de ferramenta, colocavam os óculos de VR e eram transportados para outros mundos.

“A realidade virtual é um pretexto”, explica Myedja Cunha, assessora técnica da Secti. O objetivo real é mais ousado: quebrar o tabu que afasta estudantes negros dos laboratórios e das carreiras científicas. “Queremos que eles se reconheçam como protagonistas nesse campo.”

A estratégia funcionou. Murilo Silva, pela primeira vez com os óculos no rosto, ficou impressionado. “Aparecem os peixes, é tudo muito real”, comentou, ainda sob o efeito da imersão. Para ele, a importância do evento vai além da experiência individual. “Isso fortalece a gente e mostra o quanto fazemos parte desse território”, refletiu, sobre a visibilidade que o Movaê dá ao empreendedorismo negro em um ponto tão turístico.

Mas a cena tecnológica no festival não se limitou a experiências controladas. Em outro stand, a Agência A42, responsável pela maior feira de games do Norte e Nordeste — o Gamepólitan —, mostrava que a produção local de entretenimento é vibrante e tem sotaque.

Ricardo Silva, diretor executivo da agência, foi direto ao ponto: é possível criar jogos em Salvador que carreguem a identidade baiana. “O mais importante é que o público se reconheça nas narrativas e personagens”, destacou. A pergunta que fica é: quantas histórias nossa cultura ainda tem para virar jogo?

O Movaê deixou claro que a tecnologia, longe de ser um campo neutro, é uma ferramenta potente de afirmação. Quando colocada nas mãos da comunidade, ela não só inova, mas também reconta histórias, gera economia e, principalmente, fortalece quem sempre foi protagonista, mesmo quando a narrativa oficial não notava.

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