O governo baiano desembarca no município do sul com uma série de anúncios. Saúde, agricultura e infraestrutura são as áreas beneficiadas por investimentos que superam os R$ 2 milhões, em uma agenda que mira o desenvolvimento local.
Um dia de entregas e promessas no coração da Mata Atlântica
São José da Vitória é daqueles lugares onde a presença do Estado costuma ser medida pelo silêncio das estradas e pela resistência do mato. Neste sábado (6), porém, o cenário de Mata Atlântica preservada — um dos mais importantes corredores ecológicos do sul baiano — foi palco de uma movimentação diferente. O governador Jerônimo Rodrigues desembarcou na cidade com uma missão clara: fazer anúncios.
A agenda oficial carregava o peso de mais de R$ 2 milhões em investimentos diretos. O discurso era de transformação concreta. “São José já foi transformada”, afirmou o prefeito, professor Rodson, em um agradecimento que misturava esperança com alívio. A fala do gestor local revela a crônica carência por atenção — e a importância simbólica de uma visita como essa.
Tratores, kits de saúde e uma retroescavadeira: as ferramentas chegam
A parte mais tangível do pacote veio sobre caminhões e em caixas. A Secretaria da Saúde (Sesab) entregou três kits para equipar Unidades Básicas de Saúde e três kits odontológicos — um sopro de capacidade para uma rede que vive sob pressão.
Do campo à feira livre, a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) aportou com um trator agrícola completo e 30 barracas padronizadas. É na economia do dia a dia que o gesto pretende causar efeito imediato, organizando o comércio e potencializando a lavoura.
Mas a peça de maior impacto visual ficou por conta de uma parceria federal: uma retroescavadeira, entregue através da Codevasf e do Ministério do Desenvolvimento Social. O equipamento é a promessa de que buracos serão aterrados e valas abertas, atendendo a uma demanda antiga por infraestrutura básica.
Para além do cheque: os projetos que ainda virão
Se as entregas do dia buscavam resolver problemas imediatos, as autorizações assinadas pelo governador miram um horizonte mais distante — e ambicioso. Foi ali que o valor total dos investimentos ganhou nova dimensão.
A maior fatia está destinada à construção de uma nova Feira Livre Coberta, com previsão de R$ 1,2 milhão pelo Projeto Parceiros da Mata. Enquanto a obra não sai do papel, outras iniciativas tramitam: a reforma do Centro Integrado Cristo Redentor, um projeto de revitalização da represa local e a construção de um portal de entrada para a cidade estão na lista de desejos protocolados.
Há, ainda, a promessa de um sistema de água para a localidade de Mutuns e a elaboração de um projeto para um centro de comercialização da agricultura familiar e do artesanato. São José da Vitória, portanto, foi agraciada com um presente de duas camadas: o alívio rápido e a perspectiva de um futuro mais estruturado.
O futuro entre a represa e o portal: o que fica no ar após a visita
A agenda do governador terminou com uma visita técnica à Represa de Una, ponto vital para o abastecimento e a ecologia da região. O gesto é simbólico: mostra a intenção de conciliar desenvolvimento com a conservação do bioma que dá identidade — e riqueza — ao município.
Jerônimo Rodrigues defendeu os investimentos como “ferramentas concretas para melhorar a vida da população”, vislumbrando o “grande potencial produtivo” local. A pergunta que os moradores devem fazer agora, contudo, é sobre o ritmo.
Entre a entrega de um trator e a construção de um portal de cidade, há um abismo de burocracia e prazos. O desafio para São José da Vitória será transformar o bom humor de um sábado de anúncios em uma rotina permanente de progresso. O dinheiro está autorizado, os projetos, desenhados. Agora, a cidade aguarda o som das máquinas — não só as que cavam, mas as que efetivamente constroem.
