A aposta de Salvador no poder transformador do esporte ganha um reforço milionário. A prefeitura anuncia um aumento de 50% no programa Viva Esporte e vai ampliar o número de atletas beneficiados com a bolsa municipal.
O auditório do Cecba, no Costa Azul, tinha um som peculiar na última terça-feira (16): o ruído metálico e animado de medalhas se chocando no peito de dezenas de atletas. Era o Grande Encontro Esporte Salvador 2025, palco onde a prefeitura, representada por Bruno Reis, desenhou o futuro dos investimentos na área para o próximo ano. A mensagem foi clara: os recursos vão aumentar, mas o foco permanece nos resultados e nas pessoas.
O carro-chefe é o Viva Esporte, que salta de R$ 10 milhões para R$ 15 milhões em 2026 — um aumento de 50% no volume de dinheiro que empresas podem direcionar, via impostos, para projetos esportivos. “Ao invés de pagar esse imposto à Prefeitura, ele [o patrocinador] aporta diretamente no esporte”, explicou o prefeito, detalhando o mecanismo que tenta encurtar o caminho entre o recurso e quem precisa dele.
Mas a política pública não vive apenas de incentivo fiscal. O Bolsa Atleta Salvador vai ampliar seu alcance, passando de 358 para 400 beneficiados no ano que vem. Os valores, que variam de R$ 300 a R$ 2 mil, seguem uma lógica de ranqueamento. Só que o olhar da gestão, como pontuou o secretário Júnior Magalhães (Sempre), é deliberadamente social: “Priorizamos aqueles que estão no CadÚnico, porque nosso olhar é sempre para o atleta mais vulnerável”.
E é aí que os números ganham rosto. Como o de Isa Eduarda, 14 anos, nadadora que coleciona mais de 100 medalhas e já competiu do Ceará ao Amazonas com o auxílio da bolsa. Ou o orgulho contido do enfermeiro José Carlos, pai dela, que vê no programa uma alavanca para galgar oportunidades que o dia a dia difícil nem sempre permite. “Esse apoio foi muito benéfico”, disse, em um depoimento que resume o impacto prático da medida.
Ainda durante o evento, Bruno Reis assinou um decreto criando contrapartidas para promotores de eventos. A ideia é que taxas municipais possam ser convertidas em contratação de atletas ou inscrições gratuitas — uma tentativa de furar a bolha e gerar acesso.
A cena tinha um parceiro incomum: a Receita Federal. Presente com o superintendente regional Francisco Lessa, a instituição não só é parceira institucional como agora ajuda com malas de viagem para os atletas — um apoio logístico simbólico e concreto. “Estou ouvindo o barulho das medalhas que anima a todos nós”, disse Lessa, conectando a secura dos tributos à vibração das conquistas.
