O Centro Histórico de Salvador ganha nova trilha sonora. A abertura das Sacadas Musicais, no Casarão 17, encheu o Terreiro de Jesus de coral e orquestra, dando o tom para uma semana onde a arquitetura centenária vira palco de emoção natalina.
O clima é de reencontro. O Terreiro de Jesus, naquele domingo (7), não era apenas um largo. Virou plateia de um concerto suspenso, com as crianças do Coral Música das Nascentes tomando as sacadas do Casarão 17. A voz delas, entrelaçada aos acordes da Filarmônica Ambiental sob a regência do maestro Fred Dantas, transformou o pátio histórico em uma grande sala de estar a céu aberto. “Noite Feliz” e cantigas populares baianas se misturaram no ar — uma cena que é pura memória afetiva em construção.
— Isso aqui é Salvador se reconhecendo — comenta Ângelo Magalhães, diretor de Iluminação Pública, observando o público. Para ele, o projeto escancara uma vocação da cidade: transformar sua própria paisagem em espetáculo. Os casarões não são apenas cenário. São personagens ativos. Quando a música ocupa suas janelas, a história ganha voz e o espírito natalino toma conta do Pelourinho.
E a programação segue. Para onde ir?
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Segunda (8) e terça (9): As notas sobem para as janelas do Museu da Misericórdia, na Praça da Sé, sempre às 18h.
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Quarta (10) e quinta (11): O espetáculo migra para as sacadas da Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do Pelourinho, às 18h e 18h30, respectivamente.
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Sexta (12) e sábado (13): A batuta passa para o maestro Keiller Rêgo, que rege o Coral da Paz e a Escolinha do Olodum na Casa do Olodum, na Rua Gregório de Matos, às 18h30.
Nas apresentações sob o comando de Fred Dantas, o repertório é uma colagem sonora da Bahia. Cantigas de Natal se misturam com reisado rural, MPB e arranjos que beijam a identidade cultural da cidade. A Filarmônica Ambiental abre e fecha cada noite, criando um ritual musical.
Já no final da semana, o tom ganha outra força. Na Casa do Olodum, canções brasileiras e temas natalinos se fundem ao peso dos tambores, celebrando a força comunitária do bairro da Paz. É o Natal Luz mostrando sua pluralidade: do erudito ao popular, da sacada colonial à casa do bloco afro.
