A carreta da saúde chega ao bairro. A 6ª edição do Fila Zero começa nesta quarta (3) no Quingoma, levando consultas, exames e a promessa de alívio para uma fila que não para de crescer.
Parece contradição em termos: um programa chamado “Fila Zero” que, edição após edição, revela justamente o tamanho da fila que existe. Mas é assim que ele funciona — indo aonde a demanda aperta. Desta vez, o endereço é o Quingoma, mais especificamente nas imediações da Estrada 2200-3060, no Jardim Castelão. A partir de quarta-feira (3), duas carretas equipadas e oito consultórios montados no local vão tentar dar conta de parte dessa conta que o SUS, sozinho, não tem fechado.
A oferta é extensa — e quase soa como um suspiro de alívio para quem sabe o que é esperar meses por um exame. Entre um atendimento e outro, estarão disponíveis exames laboratoriais, oftalmológicos, ultrassonografias, mamografias, Doppler, ecocardiograma, eletrocardiograma, MAPA e Holter, além de consultas com especialistas. Tudo concentrado num só lugar.
A prefeitura insiste na agilidade. E os números das edições anteriores dão certo respaldo: na última, em Areia Branca, foram mais de 6.300 pessoas atendidas e 31 mil procedimentos em poucos dias. No total, somando Itinga, Caji, Centro, Portão e Areia Branca, o programa já acumula 32,8 mil pessoas e 154 mil procedimentos. São números que impressionam, mas também escancaram — a saúde municipal, no dia a dia, ainda está longe do ideal.
E tem uma mudança importante nesta edão: não haverá pré-cadastro. A demanda é aberta, e a regulação será feita no próprio local. Uma aposta na descentralização pura, ainda que arriscada — pode gerar filas físicas no primeiro dia, mas também pode garantir que quem chegou cedo não perca a vaga para quem tem mais familiaridade com aplicativos.
No fim, o Fila Zero é isso: uma solução de emergência que virou política pública. Eficaz no curto prazo, visível, fotogênica. Mas que também joga luz sobre a pergunta que ninguém no poder gosta de ouvir: quando é que a saúde de base vai funcionar tão bem que um programa como esse não será mais necessário?
Enquanto isso não acontece, o que resta é seguir levando as carretas aonde o povo está. E torcer para que, um dia, a fila seja realmente zero.
