Pressão fiscal: Déficit público salta para R$ 14,4 bilhões e acende alerta no Banco Central

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Pressão fiscal: Déficit público salta para R$ 14,4 bilhões e acende alerta no Banco Central

Lúcia L.F
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Cédulas e moeda de realFoto de Daniel Dan na Unsplash

O fechamento das contas públicas em novembro de 2025 revela um cenário de fragilidade fiscal que impacta diretamente a estabilidade econômica do país. O setor público consolidado registrou um saldo negativo de R$ 14,4 bilhões no mês, um valor que mais que dobrou em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse descompasso entre arrecadação e despesas eleva o endividamento e pressiona a confiança dos investidores, o que pode resultar em juros mais altos para o consumidor final e para o setor produtivo baiano.

O peso dos juros e o resultado consolidado

O dado mais alarmante do relatório divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (30) não é apenas o déficit primário, mas o custo do serviço da dívida. Em apenas um mês, o Brasil desembolsou R$ 87,2 bilhões em juros nominais. Ao somar o rombo operacional com esses encargos, o déficit nominal — aquele que reflete a realidade total do caixa — atingiu a marca de R$ 101,6 bilhões em novembro.

No acumulado de doze meses, o custo dos juros já consome 7,77% de toda a riqueza produzida pelo país (PIB). Esse volume de capital, que ultrapassa os R$ 981 bilhões anuais, deixa de ser aplicado em infraestrutura e serviços básicos para sustentar a rolagem de débitos anteriores. A gestão fiscal enfrenta, portanto, um desafio duplo: estancar o gasto corrente e reduzir a exposição ao mercado financeiro.

Radiografia das esferas administrativas

O desempenho das contas não foi uniforme entre os diferentes entes da federação. Enquanto o Governo Central e as estatais operaram no vermelho, os governos regionais serviram como um amortecedor para o resultado negativo total.

  • Governo Central: Registrou a maior fatia do prejuízo, com saldo negativo de R$ 16,9 bilhões.

  • Empresas Estatais: Apresentaram um aporte deficitário de R$ 2,9 bilhões.

  • Estados e Municípios: Alcançaram um superávit de R$ 5,3 bilhões, demonstrando maior rigor no controle de despesas locais.

Essa discrepância evidencia que a pressão fiscal está concentrada na esfera federal. Há, inclusive, uma divergência metodológica relevante: enquanto o Banco Central aponta R$ 16,9 bilhões de déficit para a União, o Tesouro Nacional calcula um rombo maior, de R$ 20,2 bilhões. Essa variação ocorre devido ao critério “abaixo da linha” (mensuração pela variação da dívida) utilizado pelo BC, em contraste com o fluxo de caixa usado pelo Tesouro.

Impacto na economia da Bahia e Região Metropolitana

A deterioração das contas federais tem reflexos em Salvador e Lauro de Freitas. Quando o Governo Central opera com déficits crescentes, a União tende a segurar repasses discricionários e convênios com municípios. Para a Bahia, que depende de aportes federais para grandes obras de mobilidade e segurança, o cenário sugere cautela.

Além disso, o déficit nominal de 8,13% do PIB em 12 meses mantém a inflação sob pressão. O empresário baiano sente o efeito no custo do crédito, dificultando a expansão de novos negócios no Polo Industrial de Camaçari ou no setor de serviços da capital. A sobriedade fiscal nos governos regionais, embora positiva, não é suficiente para isolar o estado da instabilidade macroeconômica gerada em Brasília.

Análise da autoridade técnica

É preciso questionar a sustentabilidade desse modelo a longo prazo. O setor público está gastando mais do que arrecada e a conta dos juros consome quase 8% do PIB. Como atrair investimento produtivo se o Estado brasileiro gasta quase R$ 1 trilhão por ano apenas com o serviço da dívida? O esforço dos estados e municípios em manter superávits é louvável, mas o Governo Central precisa de uma correção de rota severa para evitar a erosão do poder de compra da população.

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