Nesta semana, o Pix comemora seu quinto aniversário não como uma simples ferramenta, mas como o coração da economia digital brasileira. Em 2024, o sistema movimentou a impressionante marca de R$ 26,4 trilhões — quase duas vezes o PIB do país.
O fenômeno que redesenhou o país
Cinco anos. Esse foi o tempo que o Pix, criatura do Banco Central, precisou para se entranhar no dia a dia do brasileiro e se tornar incontestavelmente o principal meio de pagamento do país.
O sistema, que em 2024 movimentou R$ 26,4 trilhões — um valor que praticamente dobra o PIB nacional —, já soma R$ 28 trilhões em transações apenas em 2025, até outubro. Os números são tão grandiosos que quase perderam o sentido. Mas a pergunta que não quer calar é: o Pix já é vítima do próprio sucesso?
A inclusão que veio para ficar
Para Renato Gomes, diretor do Banco Central, a plataforma foi além da praticidade. Em uma transmissão online, ele destacou o duplo efeito: a drástica redução do custo de distribuição de dinheiro físico e, principalmente, a inclusão financeira em massa.
— O Pix trouxe muita concorrência para o sistema de pagamentos — afirmou Gomes, apontando para a queda geral nas tarifas que beneficiou todo mundo.
O que começou como uma ferramenta simples para transferências entre pessoas explodiu em funcionalidades. O Pix Cobrança aposentou de vez o boleto bancário para muitos, e o Pix Automático ameaça o tradicional débito automático. Hoje, a rede tem alcance monumental: 170 milhões de adultos e mais de 20 milhões de empresas.
Da gênese à ameaça internacional
A semente dessa revolução foi plantada em 2016, dentro do BC. A base de dados foi desenvolvida e assumida pela autoridade monetária em 2019, e o nome “Pix” só foi batizado em fevereiro de 2020.
Sua estreia, em caráter experimental, foi em 3 de novembro daquele ano. O lançamento oficial para todos os brasileiros, 24 horas por dia, aconteceu em 16 de novembro de 2020. A data não poderia ser mais simbólica: um lançamento em plena pandemia, que acelerou a adoção digital de forma irreversível.
Mas nem tudo são flores. A ferramenta, desenvolvida por servidores públicos brasileiros, chamou a atenção do governo Trump. Sob o argumento de que o Pix poderia prejudicar empresas financeiras dos EUA, os americanos abriram uma investigação comercial.
A resposta do Brasil foi firme: o sistema foi criado para dar segurança e eficiência ao sistema financeiro, sem qualquer tipo de discriminação contra empresas estrangeiras. Uma polêmica que coloca uma criação genuinamente nacional no centro de uma disputa geopolítica.
O futuro de uma paixão nacional
O Pix já é mais do que uma tecnologia. É um hábito, um verbo, uma cultura. Ele saiu dos aplicativos bancários e foi parar na boca do povo, na padaria do seu Zé, no almoço de domingo.
A questão que fica é: para onde vamos a partir daqui? O sistema já atingiu uma maturidade impressionante, mas sua evolução não pode parar. A pressão internacional existe, e a necessidade de inovação é constante.
Arretado! O Pix é, hoje, um dos maiores casos de sucesso de política pública digital no mundo. E a sua maior conquista, talvez, não esteja nos trilhões, mas no cidadão que, pela primeira vez, sentiu que o sistema financeiro também era seu.
