Um estudo pioneiro da Bahia decifra a linguagem química das abelhas nativas. O trabalho, premiado internacionalmente, pode revolucionar a criação sustentável e a qualidade do mel baiano.
A ciência baiana acaba de ganhar um importante selo de excelência mundial. A pesquisa da doutora Jossimara Neiva, do Centro Tecnológico Agropecuário da Bahia (Cetab), não apenas avançou nos segredos das abelhas-sem-ferrão, como garantiu o Prêmio de Melhor Artigo do Ano do Grupo INSECTA, da UFRB. A publicação na revista Chemistry & Biodiversity coloca o estado no mapa dos estudos de ponta sobre polinizadores.
O trabalho é técnico, mas seu cerne é profundamente estratégico. Ele desvenda mecanismos inéditos da comunicação química e do comportamento higiênico dessas abelhas nativas. — Em linguagem simples, é como decifrar um código que regula a saúde e a organização da colmeia. Para Jossimara, o prêmio vai além do acadêmico: “Ao compreender melhor os sinais químicos, oferecemos uma base técnica que pode contribuir para o aperfeiçoamento da criação, apoiar apicultores e fortalecer os cuidados com a saúde das colônias”.
E o resultado é concreto. Esse conhecimento de ponta, fruto de colaboração entre instituições de referência e do suporte laboratorial do Cetab, tem um pé firme no chão da Bahia. A pergunta que fica é: como essa descoberta se traduz em benefício real?
Do laboratório ao campo: impacto direto na produção
A resposta está na conexão direta com a cadeia produtiva. A pesquisa da doutora Jossimara não vive apenas nas páginas de uma revista. Ela se encontra com outro braço forte do Cetab: o trabalho diário para elevar o padrão e a competitividade do mel baiano.
O Centro tem ampliado de forma expressiva seus serviços. Só em 2025, o volume de análises laboratoriais da qualidade do mel cresceu mais de 40%. E não para por aí: além dos testes tradicionais, agora também são feitas avaliações de pólen e própolis. — Um suporte técnico ampliado que atende a uma demanda urgente do setor.
Afinal, o mel baiano é um espelho da biodiversidade única do estado. Suas características dependem da floração e dos biomas de cada região. Garantir sua pureza e qualidade não é só um protocolo. É preservar valores nutricionais, fortalecer a confiança do consumidor e abrir mercados.
O prêmio internacional, portanto, ilumina um ciclo virtuoso. A ciência de excelência, apoiada pela Seagri, gera conhecimento aplicável. Esse conhecimento, por sua vez, fortalece a extensão e o suporte tecnológico que chegam ao produtor. No centro dessa teia, as abelhas-sem-ferrão seguem, agora um pouco menos misteriosas, mostrando que a inovação na Bahia tem o sabor doce e necessário da sustentabilidade.
