O Ministério das Cidades foi o único a receber uma injeção de recursos após um descontingenciamento. Enquanto a pasta ganha R$ 501,4 milhões, as emendas parlamentares têm um reforço de R$ 149,3 milhões.
Sumário:
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Onde foi parar o dinheiro?
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A dança dos números: o que foi liberado de verdade?
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Bloqueio vs. Contingenciamento: a corda bamba do Orçamento.
A máquina federal fez seus cálculos e, após um ajuste nas contas, decidiu liberar uma fatia do Orçamento de 2025 que estava congelada. O detalhamento, divulgado pela pasta do Planejamento nesta sexta-feira (28), aponta um destino claro: a maior parte do recurso, R$ 501,4 milhões, foi direcionada ao Ministério das Cidades — a única pasta beneficiada.
E os parlamentares? Também saíram ganhando. As famosas emendas, instrumentos de barganha política, receberam um reforço de R$ 149,3 milhões. A medida foi oficializada por um decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União.
A dança dos números: o que foi liberado de verdade?
O anúncio inicial era de um descontingenciamento de R$ 4,4 bilhões. Mas a conta que chega ao bolso do cidadão é bem menor.
O governo, desde setembro, já havia cancelado R$ 3,84 bilhões em gastos discricionários — aqueles que não são obrigatórios por lei — para cobrir outras despesas. É como pegar dinheiro de uma conta poupança para pagar uma conta de luz que venceu.
Resultado? O valor efetivamente liberado, somando o montante das Cidades e das emendas, cai para R$ 650,7 milhões. Um alívio, sem dúvida, mas que está longe do bilionário que os números brutos podem sugerir.
Bloqueio vs. Contingenciamento: a corda bamba do Orçamento
Para entender o jogo, é preciso decifrar o jargão. O Orçamento de 2025 hoje opera com dois freios de arrumação.
De um lado, o bloqueio de R$ 4,4 bilhões — uma medida preventiva, usada quando as despesas ameaçam ultrapassar o teto de gastos definido pela regra fiscal.
Do outro, o contingenciamento de R$ 3,3 bilhões. Esse é o dinheiro que simplesmente não entrou nos cofres como esperado, forçando um travão de emergência. E a razão é específica: o Tesouro Nacional precisou cobrir o rombo dos Correios.
— A decisão joga luz sobre a pressão constante para equilibrar as contas públicas. Enquanto o governo tenta cumprir a meta de um déficit primário de R$ 31 bilhões, a pergunta que fica é: quando é que essa grana vai chegar de fato nas ruas, nos bairros, nas obras que a população tanto precisa? A verba para as Cidades é um sinal, mas a execução é o verdadeiro teste.
