Dois mandados de prisão, uma pistola, uma espingarda e um arsenal de drogas. A Polícia Civil desmonta uma base do tráfico no povoado Guerra, em Araci, após ação de inteligência na região sisaleira.
— A rotina pacata do povoado Guerra, na zona rural de Araci, foi interrompida pelo trabalho silencioso da inteligência policial. O alvo: um homem de 30 anos, já conhecido da justiça e procurado por tentativa de homicídio e tráfico. A captura, nesta quarta-feira (26), revelou mais do que um criminoso solto; expôs um pequeno arsenal à disposição do crime.
Da pistola à dispensa de drogas
A estratégia foi certeira. Com base em informações apuradas pelo Núcleo de Inteligência da 15ª Coorpin/Serrinha, as equipes das delegacias de Conceição do Coité e Araci fecharam o cerco. Encontraram o suspeito em via pública, armado até os dentes — literalmente. Ele portava uma pistola 9 mm carregada e um carregador extra, pronto para o que desse e viesse.
Ao sentir a batida, a reação foi instintiva: tentou se desfazer de uma sacola com 16 porções de cocaína. Jogada frustrada. Os policiais recuperaram a droga e, com o suspeito já detido, foram atrás do resto.
A segunda casa e o dono fantasma
O que eles encontraram em um segundo endereço, indicado pelo próprio preso, foi um verdadeiro ponto de varejo do crime. Uma espingarda calibre 12, mais porções de cocaína, dois tabletes e meio de maconha, três balanças de precisão — detalhe que evidencia o comércio organizado — e até uma arma artesanal, a famosa “caseira”. Uma moto com as placas suspeitas completou o cenário.
O proprietário do imóvel, prevendo o que viria, evaporou no calor do sertão antes da chegada da polícia. A casa, agora vazia de gente, estava cheia de provas.
Os crimes que antecederam a prisão
A operação não foi um fato isolado. O primeiro mandado que a equipe cumpriu vinha de uma tentativa de homicídio em Conceição do Coité, no início de novembro. O investigado é acusado de efetuar disparos contra uma vítima, que segue hospitalizada. Violência pura.
O segundo veio de Feira de Santana, por tráfico de entorpecentes. Dois crimes, duas cidades, um mesmo indivíduo agindo na sombra do interior.
E agora?
O homem foi encaminhado à delegacia para a formalização da prisão e cumprimento das ordens judiciais. O material apreendido conta uma história por si só. A operação conjunta, com suporte do Gatti-Sisal, mostra a polícia se organizando em rede para enfrentar um inimigo que também age assim.
Mas a pergunta que fica no ar, mais pesada que o calor do sisal, é: quantos outros “pontos” como esse ainda operam, intocados, espalhados pelo interior baiano? A captura em Araci é uma vitória tática importante, um suspeito perigoso retirado de circulação. No entanto, é também um retrato de um desafio crônico — a teia do tráfico que se infiltra nos rincões do estado, exigindo não apenas ações pontuais, mas uma estratégia de guerra constante. O sertão pede paz. O crime, responde com mais violência. E o ciclo segue.
