Novembro Negro ecoa cultura afro-brasileira no Sertão

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Novembro Negro ecoa cultura afro-brasileira no Sertão

Júlia Leal
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Foto: Ascom/SEC

O Sertão do São Francisco virou palco de uma celebração vibrante da identidade negra. Estudantes e comunidades escolares transformaram o mês da Consciência Negra em um movimento concreto de resistência e reconhecimento ancestral.

O Sertão mostra a sua força. Em novembro, as 39 escolas do Núcleo Territorial de Educação do Sertão do São Francisco (NTE 10) — com seus 80 anexos espalhados por dez municípios — respiraram cultura afro-brasileira. Música, dança, capoeira e teatro não foram apenas apresentações. Foram a culminância de um trabalho de meses, a expressão viva de uma educação antirracista que a Secretaria da Educação do Estado (SEC) tenta fincar no chão baiano ao longo do ano.

Foi nas ruas, no entanto, que a teoria ganhou o axé. O debate sobre consciência racial saiu das salas de aula e ocupou o asfalto, em um movimento que, segundo o diretor do NTE 10, Regivaldo Menezes, fortalece o protagonismo dos estudantes acima de tudo.

Do projeto pedagógico às ruas: a arte como grito de resistência

A programação diversa foi só o véu. A essência era outra: reforçar o reconhecimento da ancestralidade e cravár na mente de todos que o respeito à identidade afro-brasileira é inegociável. As atividades evidenciaram um compromisso das escolas com uma história que, por muito tempo, foi soterrada.

— E o melhor: a comunidade abraçou.

Em Sento Sé, a 2ª Caminhada Contra o Racismo ecoou como um ato político. “Geramos visibilidade para a causa”, afirmou Elton Rocha, professor de Filosofia do Colégio Estadual Doutor Juca. Ele não hesitou em trazer à tona a fala cortante de Angela Davis: “em uma sociedade racista não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”.

A lição que saiu dos muros da escola e mobilizou Juazeiro

Em Juazeiro, a estratégia foi outra. A professora de História Juliana Duarte, do CODEFAS, contou como o conhecimento ultrapassou os portões. Materiais sobre comunidades quilombolas foram compartilhados via QR Code durante um desfile. Uma ideia simples, mas de um efeito prático imenso.

“Foi um marco”, definiu a professora. Levar o trabalho pedagógico para a rua e dialogar diretamente com a comunidade não era apenas uma atividade a mais no calendário. Era a materialização de todo um esforço anual.

O protagonismo estudantil: “ocupar nossos espaços com orgulho”

Mas o verdadeiro termômetro do sucesso veio da voz dos estudantes.

Para Manoel Rodrigues, aluno do Colégio Estadual Dona Guiomar Barreto Meira, o desfile em Juazeiro foi a prova de que “o povo preto tem voz e força”. Ele destacou a alegria contagiante e, mais que isso, a inclusão. “Teve a participação de pessoas brancas e com deficiência… isso reforçou a importância do respeito”.

Já para Guilherme Pereira, do CODEFAS, a experiência foi além do festivo. “Participar do evento fortaleceu meu letramento racial”, refletiu. “Foi a realização de um sonho e me fez entender que devemos ocupar nossos espaços com orgulho da nossa cor”.

O Novembro Negro no Sertão do São Francisco passou. Mas o eco — firme e forte — da conscientização e do orgulho que ele semeou nos estudantes é o legado que fica. E é esse eco que vai seguir reverberando, longe depois que as últimas notas de música se calarem.

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