A cena se repete em qualquer bairro de Salvador: a moto que para, a breve negociação e a partida rápida rumo ao destino. O mototáxi é um nervo exposto da mobilidade urbana da cidade, uma solução prática e ágil em um tecido de ruas muitas vezes complicado. Nesta quarta-feira (10), esses profissionais ganham o centro das atenções oficiais.
A partir das 9h, no Palácio Thomé de Souza, a Prefeitura apresenta a atualização da regulamentação que rege a atividade e inicia a entrega de novos kits de trabalho. O prefeito Bruno Reis e o secretário de Mobilidade, Pablo Souza, estarão à frente do ato, ao lado de outras autoridades e, o mais importante, de representantes da própria categoria.
A promessa é tornar mais clara a relação entre o poder público e esses trabalhadores. A atualização do regulamento busca apertar o cerco à informalidade e estabelecer parâmetros mais definidos de atuação — um reconhecimento, ainda que tardio, da importância econômica e social desses profissionais para o dia a dia da cidade.
Paralelamente às novas regras, vem a entrega dos kits com equipamentos de segurança e identificação. É a parte mais visível da iniciativa: um sinal de tentativa de profissionalização que chega às mãos de quem vive o asfalto quente e o trânsito intenso todos os dias.
Mas a grande pergunta que fica é: essas mudanças vão, de fato, melhorar o dia a dia desses profissionais? A formalização é bem-vinda, mas esbarra em desafios crônicos — desde a concorrência desleal dos ilegais até a violência urbana que atinge quem trabalha nas ruas.
A cerimônia no Thomé de Souza é o símbolo de um começo. O trabalho real, no entanto, só será medido pela eficácia da fiscalização e pelo aumento real de segurança e renda para os milhares de mototaxistas que mantêm Salvador em movimento.
