Em reunião sigilosa no complexo de Itapuã, o governador traçou com a cúpula policial as prioridades no combate ao crime. O foco declarado: estranglar financeiramente as organizações criminosas e integrar forças.
O encontro aconteceu longe dos holofotes, no coração operacional da Polícia Civil em Itapuã. Jerônimo Rodrigues sentou-se com o secretário Marcelo Werner e o delegado-geral André Viana para costurar o que chamou de “trabalho integrado em defesa da população”. Na prática, a reunião desta segunda-feira (15) serviu para alinhar as engrenagens da segurança pública estadual.
A tônica do discurso foi uma só: coordenação. Werner destacou a junção de investigação qualificada, inteligência e operações conjuntas com outras instituições, inclusive federais. A promessa é levar essa estrutura mais robusta para o interior — um ponto sensível, onde a presença do Estado muitas vezes parece mais distante.
Mas o núcleo duro da estratégia apresentada por André Viana tem nome e sobrenome: asfixia financeira. O delegado-geral foi direto ao ponto. A meta é identificar, apreender e leiloar bens dos grupos criminosos, usando o próprio dinheiro do crime para financiar o combate a ele. “Essa estratégia nos permite estruturar o aparato físico, humano e tecnológico”, argumentou Viana, ligando o sucesso das operações à melhoria do serviço prestado à sociedade.
Há, no entanto, uma peça fundamental nesse quebra-cabeça que vai além de equipamentos e estratégias: o agente público. O plano apresentado coloca a valorização e a capacitação dos servidores como prioridade. — É o reconhecimento tácito de que de nada adiantam armas de última geração se quem está na rua não se sentir apoiado e preparado.
Jerônimo reforçou o mantra de que a segurança pública é prioridade de seu governo. A fala é conhecida, quase um lugar-comum em qualquer gestão. O que ficou no ar, após a reunião nas instalações de Itapuã, foi a pergunta que todo baiano faz: quando e como essa rede de planejamento, integração e investimento vai se traduzir em uma sensação real de segurança na esquina, no bairro, na cidade? A resposta, governador, a população espera ler não em releases, mas no dia a dia.
