Na caminhada da resistência, a juventude negra reafirma seu futuro

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Na caminhada da resistência, a juventude negra reafirma seu futuro

P. Fonseca
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pessoas caminhada em auro de freitasFoto: Arquivo

Não foi apenas um desfile. No bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, a 19ª Caminhada Cor da Cidade transformou as ruas em um manifesto vivo. Com passos firmes, o evento ecoou o grito por igualdade racial e a urgência do enfrentamento ao racismo.

O percurso entre a Praça Oscar Moreira, no Terraplac, e o Largo do Caranguejo, em Itinga, ganhou cores, cantos e um propósito que vai muito além da distância física. Neste sábado (13), a 19ª Caminhada Cor da Cidade — uma iniciativa da Prefeitura de Lauro de Freitas em parceria com a Posse de Conscientização e Expressão (PCE) — reconfirmou seu papel. Ela não é apenas um evento no calendário; é um termômetro social, um grito coletivo que mede a temperatura da luta antirracista na cidade.

Liderada pela prefeita Débora Regis, a caminhada reuniu secretarias municipais e, principalmente, gente. Muita gente. A gestão municipal usou o palco para reforçar seu discurso. “É por meio dessas políticas públicas efetivas que, juntos, garantimos o futuro da nossa juventude negra”, afirmou Débora. O tom era de compromisso, mas a plateia das ruas sabe: entre o discurso e a realidade concreta nos territórios, há um abismo que exige mais do que palavras.

Nos bastidores oficiais, secretários ecoaram a mesma necessidade. Margeorie Mendes, da Secretaria da Mulher, Políticas Afirmativas, Direitos Humanos e Promoção da Igualdade Racial (SEMPADHIR), falou em “criar políticas públicas que ajudem na igualdade”. Já Vitor Valmor, superintendente de Igualdade Racial da pasta, foi mais direto: “Precisamos fazer políticas para que a juventude negra continue viva, para que os nossos possam se multiplicar”. A fala, dura e real, vai ao cerne da questão — é uma política de sobrevivência.

Mas a verdadeira força do Cor da Cidade sempre veio de baixo. Dos blocos, dos tambores, do suor e dos sorrisos nos rostos dos participantes. A professora Rejane Silva, 43 anos, capturou o espírito da coisa: “Isso traz a voz do nosso povo negro como um todo. Mostra que nós temos força, temos poder e temos voz”. É ali, no meio da multidão, que a política afirmativa deixa os papéis e protocolos e ganha carne, osso e axé.

O evento, apoiado por outras secretarias como Mobilidade e Saúde, e que contou com a presença do vice-prefeito Mateus Reis, encerra simbolicamente as atividades do Novembro Negro no município. Só que a pergunta que fica é justamente essa: e em dezembro? E em janeiro?

A caminhada é necessária, potente, visível. Mas o racismo, infelizmente, não tira férias. O grande desafio — para a gestão e para a sociedade — é fazer com que a energia que tomou conta das ruas de Itinga se transforme em ações diárias, orçamento consistente e resultados mensuráveis. Para que a cor da cidade seja, de fato, um reflexo de sua igualdade.

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