O governo federal mira alto e promete financiar 3 milhões de moradias até o final de 2026. O ministro Jader Filho garante recursos, mas o calendário eleitoral e a própria troca de comando no ministério lançam um desafio sobre o plano.
O ministro das Cidades, Jader Filho, trouxe um café da manhã quente para a imprensa nesta segunda-feira (8) e, com ele, números redondos e ambiciosos. A meta é chegar a 2026 com 3 milhões de financiamentos contratados pelo Minha Casa, Minha Vida desde o início do governo Lula.
A confiança parece vir do bolso. Jader foi enfático ao afirmar que “não haverá falta de recurso”. E detalhou: dos R$ 144,5 bilhões do FGTS disponíveis para 2026, R$ 125 bilhões estão com destino certo — a habitação popular. Há ainda recursos do Orçamento e da Caixa para custear subsídios, especialmente para a Faixa 1, a mais vulnerável.
Falando em Faixa 1, ela deve passar por um reajuste no início do próximo ano. A ideia é que, em vez do teto atual de R$ 2.850, ela passe a contemplar famílias que ganham cerca de dois salários mínimos. Uma correção necessária, segundo o ministério, para acompanhar a realidade do mercado e incluir quem ficou para trás.
E os números, de fato, impressionam. O programa vem num ritmo acelerado: 80 mil financiamentos apenas em novembro, puxando a média para cima. Jader não hesita em cravar: “quem está puxando a construção civil é o Minha Casa, Minha Vida”. Os dados dão razão ao otimismo — uma em cada três contratações é da Faixa 1, e em São Paulo, 67% dos lançamentos imobiliários vêm do programa.
Mas um plano dessa magnitude sempre esbarra na política. E o calendário eleitoral de 2026 pousa como uma nuvem no horizonte. O próprio ministro confirmou que deixará o cargo até março daquele ano para concorrer a uma vaga no Congresso, pelo Pará.
A pergunta que fica é: como garantir a continuidade e o ritmo das obras com a troca de comando no meio do caminho? Jader tenta acalmar os ânimos. Garante que 60% das unidades de 2026 estarão prontas no primeiro semestre e que sua equipe está preparada para a transição. Só que a história recente do país mostra como promessas de campanha podem emperrar a máquina.
Para o cidadão comum, o que importa é o concreto secando e a chave na mão. O governo promete que 2025 será o ano das entregas, com cerca de 40 mil unidades. O tempo médio das obras, no entanto, ainda é longo: de 18 a 22 meses. Enquanto isso, a economia baiana, tão dependente desse setor, torce para que os números do ministro não sejam apenas uma bela planilha, mas se transformem em lares de verdade.
