A prefeitura de Salvador tenta minimizar a dor de cabeça para milhares de passageiros. Enquanto o Metrô para por 48 horas para obras do novo viaduto do Shopping da Bahia, uma linha especial de ônibus, gratuita, fará a ponte entre os trilhos interrompidos.
Salvador conhece bem o ritmo das obras que prometem melhorar a cidade, mas que, no curto prazo, exigem uma verdadeira ginástica urbana da população. Nos dias 12 e 13 de dezembro, será a vez dos usuários do Metrô sentirem na pele esse transtorno calculado. Por motivo de segurança — e para o avanço das obras do novo viaduto que ligará o Shopping da Bahia ao Detran —, as estações Detran, Rodoviária e Pernambués ficarão no escuro das 22h até a meia-noite.
Nesse intervalo, um guindaste monstruoso tomará conta da lateral da Rodoviária. Sua missão é içarvigas pesadas, o esqueleto de aço da nova via. Enquanto o céu ganha essa estrutura, o chão fica sem trilhos.
A resposta da Secretaria de Mobilidade (Semob) é uma operação de guerra. Uma linha de ônibus gratuita vai ligar o Terminal Acesso Norte ao Imbuí, no mesmo horário da paralisação, das 22h às 0h35. O trajeto é desenrolado para cobrir o buraco deixado pelo trem: passa pela Rodoviária (Plataforma C), pelo Pernambués (pontos do Atacadão e Atakarejo) e para no Imbuí, no ponto do Fórum, na sombra da passarela do metrô.
A gestão municipal vende a iniciativa como um “compromisso” para minimizar impactos. E de fato, é uma alternativa necessária. Agentes da Semob e da concessionária Integra estarão nos pontos, tentando dar um mínimo de ordem ao que promete ser uma noite de correria e perguntas.
Mas a pergunta que fica é mais funda. Um serviço gratuito por duas noites resolve o imediato — e é louvável. Só que revela, mais uma vez, a fragilidade de um sistema. Quando um trecho crucial do metrô para, a cidade precisa montar um quebra-galho sobre rodas. A promessa é de um viaduto para fluidizar o trânsito. O preço, por enquanto, é a interrupção do único transporte de massa rápido da região.
Uma solução rápida para um problema crônico: a falta de redundância e de redes alternativas de transporte eficientes na capital. A linha gratuita é o remédio para o sintoma de agora. O desafio de curar a doença da mobilidade, esse segue em obras.
