Em dez meses, a rede municipal garantiu alimentação especial para 76 estudantes com restrições alimentares. O trabalho vai além da cozinha: é um exercício diário de inclusão e cuidado individual.
A merenda escolar em Lauro de Freitas virou instrumento de política pública. Nos últimos dez meses, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação (SEMED), forneceu 45.600 refeições especiais para 76 alunos com restrições alimentares comprovadas. O número impressiona, mas a história real está no prato de cada criança.
O processo é meticuloso. Tudo começa quando a escola identifica um estudante com necessidade específica e aciona o Departamento de Alimentação Escolar (DAE). Lá, a equipe não se limita a olhar para um laudo médico. Eles fazem uma avaliação técnica e — o mais importante — uma escuta qualificada. Só então um plano alimentar personalizado é desenhado, costurado por nutricionistas, familiares e a equipe escolar.
Namile Rezende, que comanda o DAE, deixa claro que a missão é técnica, mas o trato é humano. “Nosso compromisso é que cada criança receba uma alimentação segura e adequada à sua condição”, explica. Ela cita desde alergias e intolerâncias até as demandas específicas de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
E é aí que o serviço ganha outra camada. Para muitas crianças no espectro, a seletividade alimentar é intensa — textura, cor, temperatura… tudo vira uma variável crucial. O setor aprendeu a lidar com isso, tratando cada particularidade não como um problema, mas como uma necessidade a ser atendida com acolhimento.
A questão que fica é: será que outras redes de ensino conseguiriam replicar essa fórmula que mistura rigor nutricional com sensibilidade? Em Lauro, o programa mostra que a verdadeira inclusão começa no prato de comida. E, oxente, isso é um avanço que merece ser servido e replicado.
