Itinga celebra 40 anos de fé e festa na Lavagem do Largo do Caranguejo

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Itinga celebra 40 anos de fé e festa na Lavagem do Largo do Caranguejo

Júlia Leal
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Festa no CaranguejoFoto: Viviane Moreira

 O berimbau e o atabaque chamaram, e o povo atendeu. Neste domingo (14), o cortejo da 40ª Lavagem do Largo do Caranguejo reafirmou, em Lauro de Freitas, uma tradição que nasceu da resistência e se mantém pela força da comunidade.

O ritmo veio dos atabaques. A condução, das baianas. E o coração, da comunidade. Neste domingo, o bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, foi tomado pelas cores, sons e aromas da 40ª edição da Lavagem do Largo do Caranguejo — um evento que é muito mais que uma festa. É um ato de resistência cultural que atravessa gerações.

O cortejo saiu da Escola Senhora Valentina em direção ao Largo, num movimento que misturou o sagrado e o profano com a naturalidade de quem vive a tradição. Nas escadarias e no Cruzeiro, a água ritual das baianas marcou o início de uma celebração que já é parte da identidade do lugar.

A Força Viva da Tradição
Presente na festa, a prefeita Débora Regis reforçou o papel do poder público em sustentar essas manifestações. “É um momento histórico, com várias manifestações populares que abrilhantam ainda mais essa celebração”, disse. Ao seu lado, o vice-prefeito e secretário de Cultura, Mateus Reis, capturou o espírito do dia: “a cultura pulsando no coração do nosso povo”.

Mas a verdadeira essência da lavagem não está nos discursos. Está na história contada no rosto de Dona Francisca Ferreira, de 74 anos, uma das baianas mais antigas da festa. “Quando eu não participo, até me sinto mal. Que dure por muitos anos”, confessou, resumindo uma vida de dedicação. É essa memória afetiva que mantém a tradição viva, como bem sabe a moradora Eliana Bispo, 65 anos: “essa tradição deve continuar aqui em Itinga”.

De uma Exclusão, Nasceu uma Festa
A história por trás da lavagem revela sua força. Criada em 1983, a celebração surgiu de um “não”. Naquele ano, o bloco Nagazumbi, formado por moradores, foi impedido de desfilar no Carnaval de Salvador. A resposta veio em forma de reinvenção: realizaram sua própria festa no bairro. O que era uma alternativa local ganhou adesão popular e se transformou no evento tradicional que se vê hoje — uma prova de que a cultura muitas vezes floresce onde menos se espera.

Após o ritual, a festa seguiu no passo do trio elétrico. A partir das 15h, os artistas Alê, Elaine Paranhos, Hitsoul, Oh Polêmico, Tchelo e Filé Paixão comandaram a parte musical, levando a animação até o fim da tarde.

Com o apoio de diversas secretarias municipais e da Polícia Militar, o evento transcorreu em segurança. Mas, ao final do dia, o que ficou não foi apenas a organização. Foi a imagem de um povo que, há quatro décadas, escreve sua própria história de fé e alegria, lavando não apenas um largo, mas renovando seu compromisso com as raízes.

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