Do atendimento médico à geração de renda, o Parque da Cidade sedia uma ação integrada. O foco é alcançar o público masculino, que historicamente foge dos postos de saúde, e ao mesmo tempo fortalecer o empreendedorismo feminino local.
No Parque da Cidade, uma dupla de cuidados:
— Saúde preventiva para homens que sempre adiam o médico.
— Espaço de exposição para negócios liderados por mulheres.
Salvador tenta quebrar um tabu silencioso. Nesta quinta (27) e sexta (28), o Parque da Cidade vira palco de uma feira que mira um alvo difícil: o homem que negligencia a própria saúde. A iniciativa, no entanto, vai além dos estetoscópios. Enquanto um lado oferece testes rápidos e aferição de pressão, o outro abre espaço para 20 expositoras mostrarem seu trabalho — do crochê aos bolos caseiros.
A premissa é clara. “O homem, muitas vezes, só aparece no posto quando a situação já está grave”, sabe qualquer agente de saúde. A feira tenta mudar essa lógica. Leva os serviços até onde o público está, com horário estendido e sem a burocracia usual. Basta levar RG e CPF para ter acesso a um leque de atendimentos: desde o básico, como medir a pressão, até orientações sobre saúde mental e a temida prevenção ao câncer de próstata.
— A distância entre o homem e o autocuidado é um problema de saúde pública — aponta Daiane Pina, diretora de Políticas para Pessoas com Deficiência. Para ela, ações como essa são uma tentativa de encurtar esse caminho. “Aproximam o poder público da comunidade, promovendo cuidado, informação e acolhimento”, defende.
Do outro lado do corredor, a economia girando.
Enquanto isso, o programa “Empreender é Com Elas” ganha vida. A feira não é só sobre prevenir doenças, mas também sobre gerar renda. A iniciativa foca na inclusão de mães atípicas e no fortalecimento de negócios liderados por mulheres. São bijuterias, bolsas artesanais e doces — produtos que carregam a identidade e o suor de quem muitas vezes é o único sustento da casa.
“Essas ações integradas são fundamentais”, analisa a gestora. “Elas fortalecem a autonomia econômica das mulheres e, de quebra, reduzem desigualdades.” É uma jogada de mestre: cuidar de quem cuida e movimentar a economia local a partir da base.
A pergunta que fica é se dois dias são suficientes para criar um novo hábito. Será que o homem soteropolitano vai deixar de lado o velho preconceito e comparecer? A resposta, agora, depende mais da população do que do poder público. A oportunidade, literalmente, está na mesa.
