O futuro da mobilidade urbana começa a ganhar os ares do Brasil. A Eve Air Mobility, da Embraer, completou com sucesso o primeiro voo não tripulado do seu eVTOL, um marco que coloca o país na corrida pelos céus das cidades.
O céu de Gavião Peixoto, no interior paulista, não foi o mesmo na última sexta-feira (19). Foi dali que decolou, em silêncio elétrico, o primeiro protótipo em escala real do eVTOL da Eve Air Mobility — a subsidiária da Embraer que promete revolucionar como nos movemos nas grandes cidades.
O voo inaugural, não tripulado, foi breve mas decisivo. Nele, a empresa testou a integração de sistemas vitais, como o avançado conceito fly-by-wire de quinta geração e os rotores dedicados ao voo vertical. O teste principal foi o hover flight: a aeronave pairou imóvel no ar, mantendo altitude e posição com uma precisão cirúrgica — um balé de equilíbrio entre sustentação e peso.
— O protótipo se comportou exatamente como previsto — comemorou Luiz Valentini, Chief Technology Officer da Eve.
Agora, a meta é ambiciosa e concreta: expandir os testes até alcançar, ainda em 2026, voos totalmente sustentados pelas asas. Segundo a empresa, serão centenas de voos ao longo do próximo ano para acumular conhecimento e pavimentar o caminho até a certificação final.
Jorge Bittercourt, Chief Product Officer, foi direto: o voo comprovou confiabilidade, eficiência e simplicidade. Elementos críticos, da arquitetura dos rotores à mecânica de voo, foram validados. A fase que vem é de evolução — e de pressa.
Mas de onde vem o dinheiro para esse futuro?
O projeto tem cheiro de investimento público. A Finep, agência de fomento do governo federal, já injetou cerca de R$ 37 milhões no eVTOL através do programa Mais Inovação Brasil – Aviação Sustentável. Para Luiz Antônio Elias, presidente da Finep, o voo não é apenas um teste. É a materialização de uma estratégia.
— Este voo posiciona o Brasil na vanguarda da mobilidade aérea urbana — afirmou Elias, citando a transição global para uma aviação movida a propulsão elétrica e inteligência artificial.
A promessa é sedutora: um “carro voador” brasileiro. A tecnologia parece responder. Resta saber se o céu das nossas cidades — e a economia real do país — estarão prontos para recebê-lo. Enquanto isso, em Gavião Peixoto, o futuro já decolou.
