Do coração do Subúrbio Ferroviário surge uma solução simples e brilhante para um velho problema ambiental. Estudantes de um colégio estadual criaram um sabão sustentável a partir de óleo de cozinha usado, dando uma lição de inovação e consciência.
Do risco concreto à solução criativa. Todo mundo já ouviu falar que jogar óleo na pia faz mal. Mas os números assustam: um único litro pode contaminar até 25 mil litros de água. Foi diante desse desafio cotidiano que a mente inquieta de três estudantes do Colégio Estadual Dr. Aílton Pinto de Andrade, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, começou a trabalhar. Orientados pelo professor Aldemir Santos, Ana Laísa, Antony Silva e William Nascimento transformaram um problema em projeto — e óleo usado em sabão sustentável.
A ideia, que germinou entre carteiras e quadros, ganhou nome e história. Batizaram a criação de Sabão Lobão, uma homenagem de peso ao bairro do Lobato. “O poço de petróleo perfurado ali é considerado o primeiro do Brasil”, explica Ana Laísa, conectando passado e futuro. “O Lobão é um símbolo de inovação e pioneirismo que a gente resgata.”
Mas, no mercado, o que faz esse sabão escolar se destacar? Enquanto passa por ajustes finais em laboratório, seus criadores apontam a espinha dorsal do projeto. “A produção é totalmente sustentável, usando óleo reciclado”, defende William Nascimento. O produto final é apenas a ponta do iceberg — o processo todo é uma ferramenta de educação ambiental. Eles não vendem apenas um sabão; promovem a conscientização sobre desperdício.
Para o professor Aldemir Santos, iniciativas como essa são a chave para uma formação que vai além da prova. Ele vê na educação científica e empreendedora uma preparação para a vida. “É essencial que o cidadão esteja atento às oportunidades e preparado para a concorrência”, afirma, defendendo uma formação que una ciência, inovação e espírito empreendedor.
— E a ideia ganhou o mundo. O projeto foi um dos destaques do Bahia Tech Experience (BTX), o maior evento de inovação do estado, promovido pela Secti e Sebrae. O reconhecimento veio com o apoio sólido da comunidade do Lobato, da Uneb e da coorientação de outras professoras.
O Sabão Lobão, hoje, é mais do que uma barra de limpeza. É a prova concreta de que a inovação baiana não tem CEP. Brota do subúrbio, das salas de aula públicas, do olhar crítico de quem convive com os problemas e decide, simplesmente, agir. A pergunta que fica é: quantas outras soluções geniais estão esperando para ser descobertas nos corredores das nossas escolas?
