Os números da SEI confirmam: a economia baiana segue em marcha, mas em ritmos distintos. No terceiro trimestre, o PIB cresceu 2,2% ante 2024, com o agronegócio disparando e a indústria extrativa puxando a produção.
Os dados frios da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) chegaram, mas a história que eles contam é quente e cheia de nuances. No terceiro trimestre de 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) baiano fechou em R$ 130,76 bilhões, um crescimento de 2,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Na leitura contra o trimestre anterior, o avanço é mais modesto: 0,4%.
A pergunta que fica é: de onde veio esse fôlego?
O motor do crescimento: agronegócio em alta e indústria dividida
A resposta está na força do campo e no subsolo. Enquanto o setor de serviços, o maior da economia, cresceu apenas 0,9%, a agropecuária disparou impressionantes 12,4%. Cereais, algodão, frutas e a pecuária mostraram vigor, confirmando a Bahia como uma potência agrícola além do litoral.
Na indústria, o cenário foi de luzes e sombras. De um lado, a indústria extrativa explodiu, com um crescimento de 21,3%, puxado pela produção de petróleo, gás e minérios. A transformação (alimentos, celulose, refino) também contribuiu, com 1,6%. Por outro, a eletricidade e gás recuaram 3,6%, e a construção civil praticamente estagnou, com um tímido 0,2% — um sinal amarelo para a geração de empregos na ponta.
Os serviços: o gigante que caminha devagar
O setor que mais emprega na Bahia segue em ritmo lento. O comércio e as atividades imobiliárias puxaram a alta de 0,9%, mas os transportes e a administração pública ficaram no negativo. É um reflexo possível de um consumo ainda cauteloso das famílias e de um ajuste nos gastos públicos.
O acumulado no ano: uma trajetória de resistência
Olhando para o conjunto de janeiro a setembro, a economia baiana acumula um crescimento de 2,7%. O Valor Adicionado chegou a R$ 362,8 bilhões, com os setores distribuídos assim:
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Agropecuária: R$ 48,1 bilhões (+10,0%)
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Indústria: R$ 86,9 bilhões (+3,0%)
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Serviços: R$ 227,8 bilhões (+1,2%)
Os números pintam um quadro de resiliência, especialmente do agronegócio e da cadeia do petróleo. Mas será que esse crescimento é suficiente — e inclusivo?
Para além dos gráficos: o que os números silenciam?
Os dados são sólidos, sem dúvida. Mostram uma economia que não parou. Mas a análise crítica exige ir além. O crescimento concentrado em commodities (agro e petróleo) nos torna vulneráveis aos humores do mercado internacional. A estagnação da construção civil e a fraqueza em alguns serviços apontam para desafios internos, como o crédito caro e a renda ainda pressionada.
O PIB cresce, mas a sensação na rua, no comércio de bairro, nas pequenas empresas, pode ser outra. A economia baiana segue navegando em águas positivas, mas com ventos desiguais. O desafio agora é fazer esse barco avançar para todos.
