A devoção a Santa Bárbara redesenha o tráfego no coração de Salvador nesta quinta-feira (4). A Transalvador monta uma operação especial com interdições e desvios para garantir segurança e fluidez durante a tradicional festa.
O Centro Histórico não é só paisagem. É um organismo vivo, que respira, pulsa e se transforma conforme o calendário da fé e da cultura baiana. Nesta quinta-feira, é a vez de Santa Bárbara ditar o ritmo. E para que a celebração corra em paz, a rotina do trânsito precisará se adaptar.
A operação da Transalvador começa cedo, às 4h, com a proibição de estacionamento na Ladeira Revolta dos Malês. O objetivo é claro: reservar espaço para os veículos oficiais do Corpo de Bombeiros. Mas é a partir das 5h que as mudanças ficam mais perceptíveis. Barreiras fixas serão instaladas em pontos estratégicos, como na parte baixa da Ladeira Ramos de Queiroz e nos cruzamentos das Ruas das Flores e do Tabuão.
O plano é detalhado, quase coreográfico. Entre 7h e 16h, uma barreira semifixa aparece no cruzamento da Rua Engenheiro João Pimenta Bastos com a Siqueira Campos, e o tráfego é desviado dali e também na Avenida J.J. Seabra (Aquidabã) com a Padre Agostinho Gomes.
A cidade que nunca para se prepara para uma pausa festiva. A partir das 8h, o Largo do Pelourinho ficará completamente interditado para carros até as 20h. No mesmo horário, barreiras móveis começam a surgir em vários acessos da Avenida J.J. Seabra, controlando o fluxo mas ainda permitindo — com paciência — o acesso de moradores e hóspedes do Hotel do Carmo.
O auge do esquema acontece a partir das 10h. Aí, o bloqueio se torna progressivo e abrangente. Barreiras móveis se espalham por uma série de ladeiras e ruas que convergem para o Largo do Terreiro de Jesus, Praça da Sé e Largo do Pelourinho. O coração do Centro bate mais devagar para os carros, mas mais forte para os tambores.
E quem precisa cruzar a região? A Transalvador sugere rotas alternativas. Para acessar a Baixa dos Sapateiros, o caminho pode ser pela Rua do Pau da Bandeira, Ladeira da Montanha ou pelo Túnel Américo Simas. Já quem vem das bandas do Bonocô e Sete Portas pode seguir pelo Vale do Nazaré, Avenida Joana Angélica e Saúde.
É um quebra-cabeça logístico montado para um só dia. Uma demonstração de como a cidade administra — nem sempre de forma perfeita, mas com esforço — a convivência entre o trânsito cotidiano e as explosões de cultura e fé que a definem. Um sacrifício temporário de asfalto em troca da manutenção de uma tradição que há séculos colore dezembro de vermelho e branco no Pelourinho.