Em 2025, meio bilhão de reais em ações estruturantes mudaram a realidade do interior baiano. Do semiárido à mata atlântica, políticas públicas ampliaram acesso a água, moradia e mercados, garantindo renda e fixação das famílias no campo.
O ano de 2025 escancarou uma aposta do governo baiano: o futuro do estado passa, necessariamente, pelo seu interior. Com um investimento robusto de R$ 500 milhões executado pela CAR, as políticas para a agricultura familiar buscaram ser mais do que um paliativo — tentaram ser uma revolução silenciosa, com pé no chão da roça e olho no mercado.
Jeandro Ribeiro, diretor-presidente da CAR, defende a tese. Para ele, cada cisterna ou agroindústria entregue é um voto de confiança no campo. “Representa mais dignidade, geração de renda e fortalecimento da permanência”, afirma. Mas será que a estrutura consegue chegar a quem mais precisa — e se sustentar?
Da fruta ao chocolate: a força da agroindustrialização
O salto veio com a transformação do que se planta no que se vende. Em 2025, 69 novas agroindústrias familiares ganharam forma, e outras 107 estão a caminho até 2026. O objetivo é claro: parar de vender apenas a matéria-prima a preço de banana.
Agora, polpas, doces, chocolates e iogurtes fabricados no interior começam a ocupar prateleiras. Em Tucano, no Território do Sisal, duas unidades para beneficiar frutas e licuri mudaram a vida de 150 famílias da Cooperlad. “É um avanço com impacto direto no emprego”, testemunha Cristóvão Roma, presidente da cooperativa. O valor agregado fica com quem produz.
Mercados municipais: o coração econômico das cidades
De nada adianta produzir se não houver onde vender. Eis a lógica por trás da entrega de 88 mercados municipais entre 2023 e 2025, com mais 117 previstos. Esses espaços são a vitrine e o ponto de encontro da economia local.
Para a feirante Jaciara Macedo, de Itaju do Colônia, a diferença é palpável. O novo mercado valoriza o trabalho do comerciante e, no fim do dia, o rendimento da família aumenta. É no concreto desses galpões que a produção familiar vira dinheiro no bolso.
Convivência com o semiárido: água como direito, não como favor
Enquanto alguns discutem crise hídrica, no semiárido baiano a conversa é sobre convivência. Em 2025, o Água para Todos implantou mais de 2.800 tecnologias sociais — cisternas, barreiros, passagens molhadas. Um investimento de R$ 31,3 milhões para transformar a seca de uma sentença em um desafio manejável.
A promessa para 2026 é ainda mais ousada: mais 9.600 tecnologias, integradas ao Projeto Sertão Vivo, que vai injetar R$ 300 milhões em 49 municípios. A meta é garantir que a água sirva para beber, cozinhar e produzir, mesmo quando o céu nega a chuva.
Moradia e mecanização: dignidade e produtividade lado a lado
Política rural de verdade mexe também na casa e no cansaço do trabalhador. Nos últimos três anos, 591 famílias receberam chaves de novas moradias rurais. Unidades que significam segurança e a decisão de não abandonar a terra.
— Produzir o próprio alimento, ter água e moradia digna é fortalecer nosso modo de vida — reflete a liderança indígena Piatã Tupinambá.
Paralelamente, a chegada de tratores e equipamentos através de emendas parlamentares aliviou costas e aumentou a capacidade produtiva. É a tecnologia a serviço de quem alimenta o estado.
Projetos integrados: o desafio de unir todas as pontas
Os grandes projetos tentam costurar todas essas frentes. O Bahia que Produz e Alimenta (BPA) apoiou mais de 450 organizações em 2025. Já o Parceiros da Mata, lançado com R$ 750 milhões, pretende alcançar 77 municípios do bioma atlântico.
