Banco Vermelho em Salvador alerta para feminicídio

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Banco Vermelho em Salvador alerta para feminicídio

Lúcia L.F
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Banco vermelho inaugurado na Praça Thomé de Souza em símbolo de combate à violênciaFoto: Otávio Santos/ Secom PMS

Um banco vermelho foi instalado na Praça Thomé de Souza, no coração turístico da cidade. Mais que mobiliário, é um símbolo urgente no combate ao feminicídio e um chamado à ação coletiva.

No centro do burburinho turístico do Centro Histórico, uma mancha vermelha exige uma pausa. Instalado na Praça Thomé de Souza, ao lado do icônico Elevador Lacerda, o Banco Vermelho é muito mais que um assento. É um monumento à dor, um alerta contra a violência que silencia mulheres — e um lembrete de que o feminicídio é uma epidemia social.

A iniciativa, da Prefeitura por meio da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), cumpre a Lei 14.942/2024 e tem caráter provisório no local — fica até 6 de janeiro. Mas a mensagem pretende ser permanente. A cor não é um acaso. Vermelha como o sangue derramado, ela simboliza a urgência de romper o ciclo de violência.

Informação no banco da praça
No assento, a frase “Você Não Está Sozinha” convida ao acolhimento. Ao lado, um QR Code direciona para a rede de proteção e o número 180 está destacado — o canal oficial de denúncias. A ideia é que o mobiliário seja fotografado, compartilhado e, principalmente, que sirva como um ponto de acesso rápido à ajuda.

Para a secretária municipal Fernanda Lordêlo, o banco é a materialização de números exorbitantes. “Trata-se de um ponto onde as pessoas vão ter mensagens e informação”, afirmou. A iniciativa é simbólica, mas aponta para uma responsabilidade que é de todos: homens e mulheres.

Uma rede por trás do símbolo
O projeto tem a parceria do Instituto Banco Vermelho (IBV), presente em 16 estados. “Cada banco instalado representa um posicionamento claro: nenhuma mulher deve ser silenciada”, enfatizou a presidente do IBV, Andrea Rodrigues.

A desembargadora Nágila Brito, do TJ-BA, celebrou a instalação como um “sonho antigo” da rede de proteção. Ela lembrou a origem do símbolo: duas italianas que homenagearam uma amiga vítima de feminicídio. “É um recado que a cidade mostra para os turistas”, disse.

Mas a pergunta que fica é: símbolos são suficientes?

Para além do banco: a rede de proteção de Salvador
A instalação do Banco Vermelho se soma a uma estrutura municipal já existente. A SPMJ coordena a Casa da Mulher Brasileira, que em dois anos realizou cerca de 29 mil atendimentos. A cidade ainda conta com três centros de referência especializados: o Cram Loreta Valadares, o Camsid Irmã Dulce e o Cream Arlette Magalhães.

Há também o Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Feminicídio (NEF), que trabalha com agressores sob medida protetiva, buscando conscientização para evitar novas violências. Programas como Marias na Construção e Mulheres no Volante reforçam a autonomia financeira, um pilar crucial no enfrentamento à violência.

O banco na praça é um começo. Um grito vermelho no cinza da cidade. A verdadeira prova será se a sociedade souber ler a mensagem — e agir.

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