Bahia testa solução biológica contra dengue em terras indígenas

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Bahia testa solução biológica contra dengue em terras indígenas

P. Fonseca
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mosquitos sendo soltos© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Saúde aposta em uma estratégia de guerra biológica silenciosa. Machos de Aedes aegypti esterilizados em laboratório são soltos em áreas da Bahia e outros estados para reduzir a população do mosquito transmissor de dengue, Zika e chikungunya.

A aldeia Cimbres, em Pernambuco, virou o epicentro de um experimento audacioso do governo federal. O ar, antes só cortado pelo zumbido comum de mosquitos, agora recebe uma carga de insetos criados em laboratório. A ideia é simples, mas soa a ficção científica: soltar machos do Aedes aegypti que são estéreis para, literalmente, cortejar as fêmeas locais e não gerar descendentes. A estratégia é uma aposta do Ministério da Saúde para frear as arboviroses.

Chamada de Técnica do Inseto Estéril por Irradiação (TIE), o método é considerado limpo. “Por não empregar inseticidas e não oferecer riscos à saúde ou ao meio ambiente”, justifica a pasta em nota. É por isso que os primeiros alvos são territórios indígenas — como áreas em Porto Seguro e Itamaraju, no sul da Bahia, e a Terra Indígena Guarita, no Rio Grande do Sul. Locais onde o uso de químicos é restrito.

Mas como transformar o transmissor em aliado? Em laboratório, os machos são esterilizados com radiação ionizante e depois liberados aos milhares. No caso de Cimbres, já foram 50 mil. A promessa é que, nas próximas fases, mais de 200 mil por semana ganhem os céus. O cálculo é de guerra de atrito: quanto mais machos “inúteis” no ambiente, maior a chance de as fêmeas se acasalarem com eles. Sem ovos viáveis, a população do vetor entra em colapso gradual.

investimento inicial é de R$ 1,5 milhão — cobrindo produção, logística e monitoramento. Um valor que levanta a primeira questão: qual o custo real para escalonar isso para uma cidade como Salvador, por exemplo? A continuidade do projeto, conforme o ministério, vai depender dos resultados e da avaliação técnica.

Aqui, a esperança se choca com a realidade epidemiológica baiana. A estratégia é elegante no papel, mas o Aedes é um adversário resiliente. Enquanto os mosquitos estéreis circulam, a pergunta que fica no ar é mais complexa: será que a solução virá de uma biofábrica, ou da velha e negligenciada batalha contra os focos de água parada nos quintais? O sucesso em Itamaraju e Porto Seguro pode dar a pista.

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